domingo, 7 de agosto de 2022

孫子 e a Cultura de Alguns Fundos de Pensão

 


Sun Tzu, que na grafia tradicional Chinesa se escreve 孫子, foi um general, estrategista militar, filósofo e escritor Chinês que viveu entre 544 a.c. e 496 a.c. Batizado Sun Wu e chamado pelos amigos de Changping, ficou popularmente conhecido pelo nome honorário de Sun Tzu, que quer dizer “Mestre Sol”.  

 

A Sun Tzu atribui-se o mais influente tratado sobre estratégias militares: “A Arte da Guerra”, que foca muito mais na busca de alternativas para a batalha e até para a própria guerra, como o uso de estratagemas, de espiões, a costura de alianças e a submissão temporária a inimigos mais poderosos. 

 

Falando sobre adaptação, Sun Tzu escreveu:

 

“Uma força militar não tem formação constante, a água não tem forma constante: a capacidade de obter vitória mudando e adaptando-se de acordo com o oponente é chamada de gênio”

 

Essas palavras de Sun Tzu podem ser extrapoladas para o mundo dos negócios e caem como uma luva para segmentos inteiros da economia – fundos de pensão inclusive – lutando para se salvar da disruptura, que chega a galope na garupa da economia digital.

 

Os fundos de pensão começaram a vida conectados às suas patrocinadoras, mas em busca da sustentabilidade no longo prazo se veem hoje diante de um movimento radical de afastamento de suas origens. 

 

O próximo passo natural será buscar participantes no vasto mercado das pessoas físicas, num grito de independência mais amplo em relação ao mundo corporativo.

 

Nem todos, porém, parecem preocupados com a sobrevivência ou buscam reposicionamento e seguem com o cordão umbilical conectado a empresa que os criou.

 

Cultura no segmento de fundos de pensão

 

John Eades - CEo da LearnLoft - define cultura como: “valores e crenças que guiam nosso pensamento e comportamento”.

 

Se usarmos esse padrão para definir cultura, então, o que ele diz sobre os fundos de pensão que não estão buscando a sustentabilidade e sobrevivência no longo prazo?

 

Marcella Bremer, da Positive Culture Academy, escreveu um excelente artigo publicado recentemente na revista “Leadership and Change”. Ela diz:

 

Quando as pessoas saem do fundo do poço da pobreza, do beco sem saída, da escassez, elas podem se dar ao luxo de acreditar que a vida oferece alguma perspectiva ... esperança e otimismo passam a alimentar ainda mais seu desenvolvimento. Como você não pode dar o que você não tem, se torna mais fácil ser gentil quando você começa a se libertar do sofrimento

     

Faz parte da natureza humana mais primitiva querer estar bem e fazer o bem para nós mesmos e para os outros, mas infelizmente muitos conselheiros de fundos de pensão ficam presos em algum estágio do desenvolvimento profissional, daquilo que está acontecendo em suas patrocinadoras, capturados pela cultura corporativo.  

 

Em suas mentes eles querem e sabem que para sobreviver é preciso fazer a mudança do modelo de negócios de seus fundos de pensão, mas por várias razões não conseguem e talvez até sofram por isso.

 

Quando as possibilidades e necessidades básicas da patrocinadora não estão sendo atendidas, o fundo de pensão sofre. Quando as necessidades são atendidas e as oportunidades para a patrocinadora são abundantes, o fundo de pensão tende a brilhar. 

 

Talvez as patrocinadoras estejam brilhando no seu ambiente de negócios, mas isso não quer dizer necessariamente que o fundo de pensão vá brilhar.  

 

Marcella Bremer lista os estágios da cultura (figura abaixo), veja em qual deles está sua patrocinadora hoje. Sofrendo, sobrevivendo ou brilhando? Esteja ela em qual estiver, seu fundo de pensão não precisa estar no mesmo estágio.




Se você é conselheiro em algum fundo de pensão, busque as possibilidades e oportunidades que assegurarão sua sustentabilidade e o farão brilhar no longo prazo. Custe o que custar, vai valer a pena.

 

Mas não se iludam. 

 

Voltando a Sun Tzu, por mais que buscasse alternativas ao confronto e à guerra, não podemos deixar de notar sua origem militar, que prima pela firmeza e disciplina. Uma das passagens mais conhecidas sobre a história de Sun Tzu ilustra bem isso. 

 

Consta que antes de contratá-lo o Rei o testou, pedindo que treinasse e transformasse em soldados as 180 concubinas de seu harém. Sun Tzu as dividiu em duas companhias e apontou as duas concubinas favoritas do Rei para comandá-las. 

 

Quando Sun Tzu ordenou que as concubinas olhassem à direita, elas deram rizada. Em resposta, Sun Tzu disse que um general (no caso ele) é responsável por assegurar que os soldados entendam os comandos que lhes são dados. Assim, ele repetiu e reiterou o comando, mas novamente as concubinas riram. 



Sun Tzu ordenou, então, a execução das duas concubinas favoritas, sob protestos do Rei. Ele explicou que se os soldados entenderam seus comandos, mas não obedeceram, a culpa era dos oficiais no comando. Disse, também, que uma vez apontado, é dever de um General levar a cabo sua missão, mesmo que o Rei proteste.
 

 

Mortas as duas concubinas, outras duas foram apontadas para substituí-las no comando. Feito isso, as duas cias passaram a obedecer, cientes das consequências de não o fazer.     

   

No comando dos fundos de pensão, até aonde a vista alcança, não há concubinas nem generais, mas as consequências e custos de um mal comando, podem ser igualmente fatais. 

 

Grande abraço,

Eder.




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