terça-feira, 25 de abril de 2023

O QUE OS FUNDOS DE PENSÃO PODEM APRENDER TOMANDO UMA "BUD LIGHT" COM TOULOUSE-LAUTREC

 



São Paulo, SP.


Bem-vindo ao Moulin Rouge, o caberá mais famoso do mundo! Estamos no final dos anos 1800, o século está terminando e há luxo e erotismo por toda parte.

Henri de Toulouse-Lautrec pintou o fim de uma era que jamais se repetiria em Paris ou na França. Lautrec captou a libertinagem chique de la fin du siècle en France.

Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa ou simplesmente “Toulouse-Lautrec”, viveu entre 1864 e 1901. Foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês, conhecido por pintar a vida boemia em Paris no fim do século XIX.

Sendo ele mesmo um boêmio, faleceu precocemente aos 36 anos de alcoolismo e sífilis, nunca chegando a herdar o título de nobreza do pai, por ter morrido antes dele. Trabalhou por menos de 20 ano, mas deixou um legado artístico importantíssimo, tanto em termos de qualidade como quantidade de suas obras e popularizou a comercialização da arte. Revolucionou o design gráfico dos cartazes publicitários, ajudando a definir o estilo que seria mais tarde conhecido por Art Nouveau.

Assim como Toulouse-Lautrec, sinto como se estivesse escrevendo sobre o fim da era dos fundos de pensão ligados à empresas. A participação em planos corporativos, que pode ser considerado algo chique por ser privilégio de poucos, está terminando na medida em que os planos de previdência complementar vão sendo desatrelados das grandes corporações e os planos individuais vão se impondo.  

O que "deu ruim" com a cerveja Bud Light


Se você acompanhou o que aconteceu na semana passada com a Bud Light, deve ter percebido que a cervejaria AB Inbev, dona da marca Bud Light, cometeu diversos erros.

As empresas precisam entender quem são seus consumidores. Afinal, como as empresas serão capazes de oferecer aos clientes produtos e serviços que atendam suas necessidades se não souberem o que eles VALORIZAM e o que procuram na vida .

Sem conhecer os clientes é literalmente impossível transmitir a mensagem certa através do marketing e ser capaz de fazê-los se engajar com a marca.

No caso da Bud Light, a cervejaria falhou ao não entender o que seus clientes valorizam, adotaram uma mensagem de marketing que estava claramente desconectada do seu consumidor alvo.

O fuzuê começou quando Alissa Heinerscheid, Vice-Presidente de Marketing da marca Bud Light desde junho de 2022, decidiu homenagear a ativista transgênero Dylan Mulvaney (essa da foto aí em cima) em uma campanha de marketing que alienou e repeliu uma grande porção de seus atuais clientes, sem atrair um número significativo de novos consumidores.

Os consumidores da Bud Light reagiram imediatamente boicotando a marca e deixando claro para a AB Inbev que Alissa e os executivos que aprovaram a campanha de propaganda estavam fora de sintonia com as pessoas que bebem a cerveja.

O CEO da Bud Light, por sua vez, cometeu outro grande erro ao não entrar na jogada e assumir imediatamente o “mea culpa”, informando ao mercado que a marca não voltaria a participar de outras campanhas de marketing similares.

Para piorar as coisas ainda mais, a AB Inbev colocou no ar uma nova campanha enaltecendo a cultura americana, deixando os consumidores com mais raiva ainda diante da tentativa atrapalhada de corrigir a gafe.

Alissa Heinerscheid saiu de licença, mas está claro que ela não volta mais porque até o nome de seu substituto já foi anunciado.

Os analistas acreditam que não vai adiantar e o boicote - que já custou à marca vários bilhões de $$$ em valor de mercado - dificilmente será revertido só com isso.

A única perspectiva que interessa é a perspectiva dos clientes e eles acreditam que a opinião deles foi flagrantemente ignorada. A maioria dos consumidores da Bud Light são pessoas mais velhas.

Pois eles se sentiram ultrapassados, velhos, fora de sintonia com o mundo, quando a marca – achando ser uma jogada brilhante – enviou um monte de latas para Dylan Mulvaney, a jovem e sofisticada influencer transgênero, com a cara dela estampada nas latas.

A Bud Light percebeu a m&#%@ que fez e já contratou um monte de consultores para ajudar a traçar uma estratégia que recupere a confiança do consumidor e evite mancadas como essa no futuro.

A Bud Light tem um trabalho duro pela frente ...

Fundos de pensão não tem a menor ideia do que os clientes valorizam


Olhando para os fundos de pensão nota-se que eles tratam todos os participantes da mesma forma, independente até da idade, como se as pessoas fossem uma massa homogênea pelo simples fato de trabalharem na mesma empresa.

Os planos de previdência que os fundos de pensão oferecem são um produto pasteurizado, a comunicação e os serviços são oferecidos de forma padronizada e há pequena ou nenhuma variação por canal.

Ninguém pergunta ao participante qual o objetivo dele, o que ele pretende fazer com a poupança acumulada no plano. Ninguém quer saber, ninguém se importa.

Quando fui Vice-Presidente de Previdência da Vivo, conferi durante certo período cada benefício que era concedido. Lá pelas tantas apareceu um participante que ganhava pouco mais do que um par de salários-mínimos que estava optando por uma renda de aposentadoria igual ao que recebia na ativa.

Achei aquilo estranho, porque naquele ritmo o saldo de conta (era um plano CD puro) seria esgotado em cerca de cinco anos. Então, fui verificar a idade dele no momento da concessão do benefício e ... bingo! A pessoa estava sendo demitida faltando cerca de cinco anos para se aposentar pelo INSS, quando passaria a receber da previdência social o seu salário integral, ainda que a renda do fundo de pensão se esgotasse ali.

Ou seja, o participante estava usando o benefício da previdência complementar como um trampolim provisório, até atingir a idade para se aposentar pelo INSS, porque provavelmente não conseguiria se recolocar no mercado de trabalho devido a idade avançada.

A lição que ficou para mim: nem todo mundo quer o plano de previdência complementar da empresa para o mesmo fim.

No caso da Bud Light, a cervejaria falhou ao não entender o que seus clientes valorizam e ao adotar uma mensagem de marketing que estava claramente desconectada do seu consumidor alvo.

Quando a bomba estourou no QG da Bud Light, o CEO Brendam Whitworth soltou um press release dizendo que “nossa intenção nunca foi participar de uma discussão que faça as pessoas ficarem divididas. Nosso negócio é unir as pessoas em torno da mesa para beber cerveja”, escreveu ele.

Então, que tal seu fundo de pensão chamar os participantes para uma cervejinha. Papo vai, papo vem, talvez passem a conhece-lo melhor e assim possam individualizar a oferta de produtos e serviços 😊

 

Grande abraço,

Eder.



Fonte: Bud Light’s Marketing VPTakes a Leave of Absence and Will Be Replaced, escrito por Jim Geraghty

 



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