De Sāo Paulo, SP.
Teve uma época em que as bengalas eram mais do que apenas pedaços de cano para manter alguém de pé. Elas transmitiam uma imagem.
Pense em Fred Astaire no palco, girando uma com ponta de prata ou um nobre da era vitoriana se apoiando numa, como se fosse um objeto forjado por Michelangelo.
Hoje? Você procura no site do Mercado Livre e só encontra tubos ocos de alumínio com cabos de espuma preta. Deprimente! Parece que as lojas de aparelhos médicos olharam para as bengalas e disseram:
Vamos fazer elas ficarem muito feias
A ascensão do tubo de alumínio
As bengalas disponíveis atualmente se dividem em duas categorias: o tubo de alumínio utilitário - que parece vir de brinde numa troca de óleo - e a triste bengala de quatro pontas, que te faz parecer um alienígena explorando as calçadas de Copacabana.
Claro, elas são leves e “ergonômicas”, mas o que elas realmente transmitem é: “desisti”. Não há charme, nāo há estilo, nāo existe senso de orgulho.
Você não pode se encostar num piano-bar com uma dessas e pedir um bourbon, sem que o barman presuma que você vai pagar com PIX ou tirar dinheiro amassado do bolso.
Quando o estilo saiu de modo
A história da bengala é gloriosa. Nos séculos XVIII e XIX elas serviam tanto como armas quanto acessórios de moda. Um homem podia entrar na ópera com uma bengala que escondia uma lâmina e ninguém se importava.
Os fabricantes despojaram a bengala de seu mistério e a transformaram em algo que pertence ao catálogo de produtos para idosos, bem ao lado daquelas cadeiras de banho com rodinhas.
Sabe quem projeta as “bengalas modernas”? Comitês e painéis de “especialistas em mobilidade”, que acham que os idosos querem cabos de espuma – que parecem bolas anti-stress – com botões de ajuste de altura, como cadeiras de praia.
Ninguém está fazendo as perguntas que realmente importam: por que não existem bengalas de fibra de carbono inspiradas em espadas de samurai? Por que não existe uma bengala que também funcione como guarda-chuva, antena de WiFi ou arma de autodefesa?
Até os guarda-chuvas têm mais personalidade hoje em dia, o que é um insulto, considerando que eles nem sequer te ajudam a andar.
Tragam de volta a bengala como um ícone
Imagine entrar em uma sala com uma bengala que não seja apenas funcional, mas imponente, estilosa, chique mesmo. Uma bengala esculpida em madeira e cabo com dragões góticos. Uma bengala com um cabo tão estiloso que se encaixaria bem num filme de James Bond.
Essas bengalas existem, mas você não as encontrará nas Lojas Marisa, nem no site da Amazon, nem na farmácia da esquina.
Você as encontrará em cantos obscuros da internet, onde são comercializadas para “entusiastas” e “colecionadores”. Tradução: você pode ser um senhor idoso e frágil com uma bengala ou um jovem de 28 anos de cartola fingindo ser Jack, o Estripador, na feira de cosplay. Nāo há meio-termo.
Uma bengala deveria fazer as pessoas pensarem das vezes antes de passar na sua frente na fila, mas só voltaremos a ter bengalas decentes quando os fabricantes se tocarem que envelhecer não significa abrir mão do estilo.
Isso nos remete à comunicação dos fundos de pensāo
Quando olho para o que eram os comunicados, newsletters e extratos trimestrais dos fundos de pensão nas décadas de 1980 e inicio de 1990, sinto como se estivéssemos observando uma era em que prevalecia algo que hoje anda meio desaparecido:
A comunicação afável, humana e simbolicamente rica.
Pergunto-me: para onde foi esse tom tão pessoal e carismático que falava diretamente ao participante — não só como “titular de um saldo de conta”, mas como pessoa com história, expectativas e sonhos?
Um tom mais humano
Naquela época, a comunicação não era feita apenas com documentos cheios de números, havia:
· jornalzinho interno ou boletim — com nomes, fotos, pequenas histórias de colegas que se aposentavam ou que completavam “x anos de contribuição”.
· linguagem mais próxima, uso de metáforas ou símbolos que, mesmo sem glamour, transmitiam cuidado.
· ocasionalmente, um visual mais “afetivo”, com fotos de reunião, no salão de festa da entidade, talvez com o presidente sorrindo — como bengalas do século XVIII, lembrando simbolicamente ou até literalmente, que caminhamos juntos.
Hoje, ao revisitar relatórios anuais, extratos e comunicados, vemos algo bem diferente: documentos com layout padronizado, linguagem institucional muito técnica, foco no compliance regulatório e quase nenhuma menção ao participante por nome — ou o lado humano da história.
O charme das bengalas — digo, dos símbolos — evaporou. Tomando a “bengala” como metáfora, o fundo de pensão transmitia confiança, companheirismo, havia uma presença explícita.
A entidade de previdência se mostrava como guia da jornada, não apenas como guardiã de ativos, havia reconhecimento:
“Você contribuiu. Você confiou. Estamos juntos.”
Hoje? Pouco se vê desse suporte explícito — ou seja, os fundos falam de “governança”, “compliance”, “ALM”, valor a mercado … mas falta o “olhar no olho”, “esta é sua casa”.
Sendo alguém envolvido com conselhos e governança, sei que o rigor técnico é indispensável — mas será que perdemos o equilíbrio entre técnica e empatia?
A digitalização nos fez passar de boletins impressos para PDFs, e-mails e portais online. A interface fria, naturalmente afasta o calor humano. A ênfase passou para métricas e performance, em vez de “vamos juntos cuidar da sua aposentadoria”, trocou-se por “nosso retorno x%”, “custo administrativo y%”, “índice de cobertura z%”.
No fim, essa evolução deixou uma lacuna, a lacuna da confiança emocional, que não aparece nos relatórios, mas aparece no sentimento do participante. Talvez, apenas talvez, o que esteja faltando hoje seja a comunicação que olha nos olhos do participante e diz ‘estamos juntos nessa jornada’.
Não se fazem hoje boas bengalas, mas isso nāo quer dizer que nāo se possa regatar as bengalas do passado. O mesmo vale para a comunicação de fundos de pensão...
Grande abraço,
Eder.
Opiniões: Todas minhas | Fontes: “Where Have All the Good Canes Gone?”, escrito por Troy Breiland.
Disclaimer: Esse artigo foi escrito com uso de IA, baseado em prompts e na profunda experiencia profissional do autor e nas informações das fontes citadas.





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