
De Sāo Paulo, SP.
Estima-se que em dez anos os robôs humanoides chegarão à construção civil — ameaçando empregos de todos os níveis.
A entrada em cena dos robôs humanoides no canteiro de obras abrirá um capítulo novo — e inquietante — na interseção entre automação, inteligência artificial e futuro do trabalho.
Ainda que estejam em fase piloto, essas máquinas já sinalizam uma transformação radical para a indústria da construção civil e para a segurança previdenciária de quem depende do emprego como principal fonte de renda e poupança.
Aonde na construção civil os robôs poderão atuar?
Embora ainda haja muitos obstáculos tecnológicos, regulatórios e operacionais, há sinais claros de onde os robôs com forma humana (ou “formato-humanoide”) poderão começar a entrar. Algumas das frentes mais promissoras sāo:
Movimentação de tijolos e blocos pesados, pré-montagem e assentamento de estruturas: robôs preparados para erguer, transportar e posicionar peças pesadas e/ou modulares.
Trabalho em altura, em espaços confinados ou em ambientes perigosos: operações de reparo, inspeçōes de estruturas, demolição parcial ou intervenções em locais de difícil acesso.
Soldagem, instalaçāo de tubulações, acabamentos padronizados e repetitivos: a combinação de IA + robótica abre caminho para que robôs façam tarefas de acabamento, alvenaria modular ou encaixes padronizados com pouca ou nenhuma intervenção humana.
Inspeção, monitoramento e manutenção preventiva: sensores integrados, visão computacional e IA permitem que humanoides substituam humanos em tarefas de garantia da qualidade e segurança.
Em resumo: o robô humanoide não precisa ser o “mestre de obras” ou erguer um arranha-céu sozinho, mas a tendência é que ele se torne companheiro e eventual substituto dos trabalhadores em tarefas repetitivas, perigosas ou que exigam presença constante — abrindo caminho para automação que vai além da simples “máquina fixa”.
Baixa qualificação: a surpresa
Normalmente, quando se fala em IA tirando empregos, o foco recai sobre funções “qualificadas” — analistas, profissionais e até médicos e advogados. Nesse sentido, há uma narrativa já consolidada:
“A IA vai roubar meu cargo, mesmo eu sendo altamente qualificado”
Mas a combinação robótica + IA traz uma virada de cenário:
“Pode ser que os empregos de baixa ou nenhuma qualificação sejam os primeiros e os mais rapidos a desaparecer”
Por que isso?
Trabalho braçal, repetitivo ou perigoso - que historicamente é ocupado por pessoas com menos qualificação formal - apresenta o perfil ideal para substituição pelo robô humanoide: tarefas estruturadas, previsíveis e cada vez mais repetitivas na sua natureza.
A queda no custo da robótica, a evolução de IA para controle autônomo, visão e adaptação, e o apetite de empresas para reduzir custos com mão-de-obra em ambientes hostis, todos esses fatores aceleram a adoção.
Isso significa que, em vez do analista sênior ou o engenheiro, é possível que o pedreiro, o ajudante de obra e o montador sejam os primeiros a sentir o impacto — o que gera uma camada de vulnerabilidade social que muitas vezes não está no discurso principal.
Ou seja: o medo da IA roubar empregos, talvez precise abrir o leque de quem está exposto — não apenas o trabalhador “intelectual”, mas também o trabalhador braçal, menos qualificado.
O risco para quem nunca teve previdência complementar
Aqui o tema dói especialmente para o Brasil, onde quem possui renda mais baixa nunca teve acesso à previdência complementar corporativa.
Se robôs humanoides vierem de fato a substituir, em larga escala, também os empregos de baixa qualificação, temos um duplo risco:
1. Sem emprego — quem ocupa funções braçais, repetitivas e de baixa qualificação pode enfrentar demissões ou substituições e o mercado formal onde atuam os fundos de pensão - cujas funçōes exigem cada vez mais qualificação e adaptabilidade - pode deixar os trabalhadores de baixa renda definitivamente para trás.
2. Sem poupança para o futuro — se o emprego falha ou se torna temporário e se não houver plano de previdência complementar corporativa (ou poupança individual) para esses trabalhadores, seu futuro previdenciário fica gravemente ameaçado.
Isso deixa um grupo social vulnerável — trabalhadores de menor qualificação — num cenário com dois perigos: [menos emprego + menos poupança].
Para fundos de pensão que vem batendo na tecla “previdência para todos”, esse é um sinal de alerta:
A “massa de contribuintes”, atual e potencial, pode se reduzir num futuro cada vez mais próximo”
Implicações para fundos de pensão
As implicações são múltiplas:
Os conselhos deliberativos devem antecipar o fato do universo de potenciais contribuintes ficar mais volátil, se empregos manuais forem substituídos. Isso exige pensar em estratégias para alcançar trabalhadores em segmentos mais vulneráveis, incentivar planos de previdência complementar de medio prazo ou produtos de poupança de emergência para enfrentar uma transição de carreira.
A junção de inovações tecnológicas como robótica + IA não pode ser vista apenas como uma questão operacional da construção civil — é também fator macroeconômico e previdenciário: mudanças estruturais no mercado de trabalho alteram a base de contribuintes, o perfil de risco e o horizonte de reservas.
Em termos de governança, há o risco de “não fazer nada” enquanto a disrupção tecnológica avança: os fundos de pensão que permanecerem alocados apenas em ativos tradicionais ou ignorarem os efeitos de automação podem replicar a analogia “Nokia x fundos de pensão” — isto é, tornar-se irrelevantes em pouco tempo.
Existe ainda uma oportunidade: os fundos podem orientar seus participantes (em especial os de menor renda) sobre a importância de poupar cedo, diversificar e considerar que os empregos tradicionais podem não durar tanto ou não gerar aposentadoria confortável.
Em termos de política pública e regulação, se houver automação em massa, pode surgir a necessidade de modelos complementares: pensões universais, mecanismos de redistribuição, incentivos para requalificação profissional ou para a previdência complementar individual.
Conclusão
Os robôs humanoides — ainda em estágio piloto — estão prestes a se tornar realidade nos canteiros de obras, em funções que por décadas foram realizadas por humanos que se adaptaram, suaram, ergueram paredes, assentaram tijolos e instalaram tubulações.
Se por um lado isso pode significar um ambiente de trabalho mais seguro, maior produtividade, menos acidentes, por outro, representa uma ruptura social para quem ocupa esses postos e não tem alternativa nem rede de proteção.
Para os fundos de pensão, isso é um risco e uma oportunidade:
“Inovar ou perder relevância versus ser mais inclusivo ou continuar excluindo a baixa renda”
Os que nunca tiveram previdência complementar corporativa — aqueles trabalhadores de baixa renda que dependem do emprego braçal, com baixa ou nenhuma qualificação — correm o risco concreto de verem um futuro com menos empregos e sem nenhuma poupança.
Esse é um alerta que vai muito além de apenas um setor econômico, como o da construção civil...
Grande abraço,
Eder.
Opiniões: Todas minhas | Fontes: “Humanoid robots in the construction industry: A future vision”, publicado pela McKinsey & Company.
Disclaimer: Esse artigo foi escrito com uso de IA, baseado em prompts e na profunda experiência profissional do autor e informações das fontes citadas.




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