quinta-feira, 19 de março de 2020

FASE 2 DA CRISE - COVID-19



Crédito de Imagem: Efrem Lukatsky/AP (Ônibus usado como café, Kiev-Ucrânia)

De São Paulo, SP.

Estamos passando para a segunda fase do surto do coronavirus aqui no Brasil e em vários ouros lugares do mundo. Deixamos a fase da ameaça para entrar nas respostas à crise. 

Não é mais que o COVID-19 possa ser ruim para a economia, as demissões estão começando. Não é que o sistema de saúde possa ser sobrecarregado, os hospitais já começam a não dar conta da procura. Não é que a crise possa superar a capacidade dos governos, estamos nos dirigindo para um aumento do déficit publico em centenas de bilhões de reais e invocando medidas só vistas em tempos de guerra - tipo restrições ao direito de ir e vir.  

Sistemas de saúde

Na fase 2 os hospitais estão postergando cirurgias eletivas e até transplantes de órgãos. O Ministério e as Secretarias Estaduais de Saúde, clínicas e hospitais particulares estão controlando os suprimentos médicos e racionando os testes para COVID-19 visando priorizar os grupos de risco. O governo também está se concentrando em assegurar espaço físico para atendimento, aumentando a oferta de leitos hospitalares. Em Nova York o alojamento das universidades, agora vazios, poderão se tornar quartos improvisados de hospitais para responder ao surto generalizado enquanto motéis, hotéis, edifícios e mesmo motor-homes vazios estão no radar para abrigar pessoas em quarentena. Até suprimentos e navios-hospitais militares começam a ser liberados para suprir a demanda de leitos e respiradores hospitalares.

Mercado financeiro

Os mercados também estão entrando em uma nova fase. Os investidores estão deixando o pânico para trás e começam encarar as negociações com mais logicas. Na fase 1 da crise a bolsa despencou em reação ao medo de disseminação do vírus, apesar das empresas que compõe o índice BOVESPA estarem, em sua maioria, com fundamentos sólidos (Petrobras é exceção explicável). 

Isso não é mais verdade. Bancos como Itaú e Bradesco, aéreas como GOL e Azul e várias empresas que compõem o índice e que vinham se desempenhando bem, começam a olhar a fase de prosperidade pelo retrovisor e projetam resultados em queda livre.

 O que vem pela frente

A câmara dos deputados aprovou o estado de calamidade publica, falta o senado, que deverá ir pelo mesmo caminho. O limite dos gastos públicos foi removido liberando o governo para gastar o que for necessário para debelar a crise. As fronteiras terrestres foram fechadas hoje e deverão permanecer assim por muitas semanas à frente. 

O plano de alívio econômico aprovado pelo governo devera começar a distribuir vouchers de R$ 200 ou algo assim, para os mais necessitados, principalmente as pessoas de baixa renda que trabalham na informalidade. 

Ferias coletivas em massa podem ser esperadas. Jornadas de trabalho poderão agora ser reduzidas com respetiva diminuição de salários, para manter empregos. Mesmo assim, o desemprego que já era alto deverá aumentar o que devera colocar mais pressão no déficit publico quando os pedidos de seguro desemprego começarem a chegar. O fechamento/parada das empresas do setor de serviços está apenas começando.  

As pessoas entenderam a mensagem e estão ficando em casa. Apesar de não termos dados locais, podemos inferir que a reação das pessoas aqui no Brasil vai seguir o mesmo padrão que nos EUA e em outros países. Vejam o que mostram as estatísticas nos EUA:

  • Na medida em que aumentou a quantidade de infectados e mais pacientes morreram, as pessoas começaram a levar as ameaças dessa epidemia mais a sério e foram perdendo a sensação de invulnerabilidade;
  • 80% dos americanos disseram ter aumentado o hábito de lavar as mãos desde que o vírus se espalhou e 70% passaram a usar desinfetantes de mão como álcool gel;
  • Mais de ¼ (27%) disseram que o vírus causou “grande impacto” nos hábitos de compra;
  • O gráfico abaixo mostra como evoluiu em apenas uma semana os lugares que as pessoas deixarão de frequentar devido ao risco de contaminação.




Para Concluir

Pessoalmente, não estou do lado dos catastrofistas que pararam de falar em recessão econômica e começam a falar em depressão econômica e já projetam o fim do mundo com crescimento global de -14% para o segundo semestre/2020.

Tem um filme de ficção cientifica que ilustra bem o momento que vivemos. Produzido por Robert Wise em 1951, o filme recebeu o título “The Day the Earth Stood Stilll” - no Brasil foi traduzido para “O Dia em que a Terra Parou”. Até o velho Raul Seixas pegou carona no titulo e fez uma musica homônima em 1977 (link aqui: Vivo Clip). O roteiro do filme mostra uma invasão alienígena que coloca o mundo de pernas para o ar e como toda produção Holliwoodiana, termina com um “happy end”. 

Sei que teremos perdas ao longo desse tortuoso caminho, mas haverá um final e o mundo vai sobreviver ao desafio. Não é o primeiro, não será o último. Vamos conseguir.

Se cuidem, grande abraço.

Eder. 



Fonte: Adaptado de artigos do Axios Market escritos por Mike Allen

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