quarta-feira, 29 de outubro de 2025

TIMIDEZ: O QUE OS FUNDOS DE PENSĀO BRITÂNICOS PODEM ENSINAR AOS FUNDOS BRASILEIROS SOBRE ESG?

 


De Sāo Paulo, SP.


Complementar.

O relatório faz uma radiografia das melhores práticas dos fundos de pensāo brasileiros na adoçāo de aspectos ESG - Environmental, Social & Governance, i.e., ambientais, sociais e de governança.

Vale a pena uma comparaçāo do estágio atual em que se encontram nossos fundos de pensāo, com quele em que se encontra o sistema de previdencia complementar corporativa de um pais desenvolvido, como o Reino Unido.

“Enquanto no Reino Unido o ESG virou obrigação, no Brasil ele ainda é tratado sob a ótica da comunicação.”


🇧🇷 De onde partimos

Os fundos de pensão brasileiros estão nos estagios inciais de descoberta do ESG.

Convenhamos, ainda estamos naquela fase em que a criança aprende a andar e acha que já pode correr a maratona de Londres.

Segundo o Relatório de Sustentabilidade das EFPC 2024, da Abrapp, o tema “Integração ASG na gestão de investimentos” passou de “prioritário” para “muito importante” — um avanço simbólico que mostra que o discurso amadureceu, mas o músculo ainda está em formação .

Das 234 entidades associadas da ABRAPP, 56 responderam à pesquisa, representando 65% do patrimônio total do sistema (R$ 835 bilhões). É um recorte robusto, mas ainda assim incompleto — o que mostra que o Brasil está aprendendo a mensurar o que o Reino Unido já mede há mais de uma década .


🇬🇧 No Reino Unido, ESG é dever fiduciário

Lá, os fundos de pensão já entenderam que não existe “investimento responsável” sem accountability.

Desde 2022, os fundos de pensāo da Terra de Sua Majestada são obrigados a publicar relatórios divulgando os riscos e oportunidades sobre seus portfolios de investimentos, decorrentes das mudancas climaticas, seguindo a estrutura (template) do TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures) — com indicadores quantitativos de:

  • riscos climáticos;

  • metas de descarbonização; e

  • planos de transição para uma economia de carbono zero.

Aqui? Ainda há resistência, o discurso é bonito:

“adotamos critérios ESG em nossas decisões de investimento”

Mas a pergunta que fica é:

  • como?

  • com quais métricas?

  • com quais evidências quantitativas de impacto?

Enquanto os fundos britânicos publicam mapas de risco climático, por classe de ativo, as EFPC brasileiras ainda se contentam com frases genéricas em comunicados e relatorios.


💼 A governança precisa sair do papel

Credito de Imagem: wwww.123rf.com


O Brasil tem uma boa base.

A Abrapp estruturou Códigos de Autorregulação em Governança e em Investimentos, cque já conta com a adesāo de dezenas de fundos de pensāo.

Conta, também, com uma Política de Sustentabilidade e com um Comitê Técnico de Sustentabilidade atuante.

Mas, sejamos francos: boa parte das entidades ainda trata ESG como um apêndice da governança — e não como seu eixo central.

No Reino Unido, o recado é simples, claro e direto:

“Se não está na política de investimentos, com métricas transparentes e avaliaçōes quantitativas, não é levado a sério.”

Cada classe de ativo tem parâmetros explícitos de avaliação ESG, pesos de materialidade e métricas de desempenho.

No Brasil, a maioria das políticas ainda diz:

“Os fatores ESG serão considerados sempre que possível.”

… e “sempre que possível” é o jeito mais diplomático de dizer “quando der, né”


🌡️ Disclosure: sair do genérico e entrar no mensurável

Vamos alinhar aqui entre nós:

ESG não vive de intenções, vive de números.

Na Europa, a ausência de métricas é vista como sinal de alerta. Aqui, ainda é vista como um negocio “em construção”.

Poucos fundos brasileiros publicam relatórios com seções específicas sobre riscos e oportunidades climáticas e raros são os que adotam frameworks reconhecidos como os do TCFD, SASB ou GRI, de forma estruturada.

Enquanto isso, fundos britânicos como o Nest ou o Universities Superannuation Scheme mostram, com clareza, como cada investimento afeta o clima e como o clima afeta cada investimento.



Aqui, ainda há quem confunda relatório ESG com relatório anual ilustrado. 

Esse contraste fica evidente ao se ler o relatório de um fundo ingles (exemplo acima) e comparar com um dos nossos.


📏 Métricas, dados e auditorias: o tripé da credibilidade

Na Europa:

Ninguém acredita em ESG sem auditoria independente.

É simples assim.

As EFPC brasileiras, por enquanto, ainda dependem de autodeclarações.

O sistema de autorregulação da ABRAPP é ótimo, mas apenas um começo, falta validação externa — certificações, verificações independentes e auditorias de impacto.

E há outro ponto sensível: a ausência de KPIs claros, transparentes e objetivos.

  • Pegada de carbono da carteira?

  • Percentual de mulheres e negros nos conselhos das empresas investidas?

  • Número de controvérsias ambientais?

Esses indicadores ainda nāo aparecem e quando surgem, aparecem de forma tímida e inconsistente .

No Reino Unido, o regulador do setor, o The Pensions Regulator (equivaelnte à dupla CNPC | PREVIC) exige que cada fundo demonstre anualmente como está reduzindo a exposição aos riscos climáticos físicos e de transição — sob pena de sanções.

Lá, ESG é tratado como compliance enquanto aqui, ainda é “boa vontade”.


💬 ESG não é um projeto, é cultura

O Relatório Abrapp 2024 afirma que a sustentabilidade é “uma ferramenta estratégica de gestão fundamental” .

Perfeito! Mas ninguem consegue pregar um prego com a māo:

Ferramenta nenhuma funciona se ficar guardada na gaveta.

A verdadeira maturidade dos aspectos ESG nasce quando:

  • Os riscos ESG entram na matriz de risco ao lado dos riscos de mercado e crédito;

  • As decisões de investimento incorporam critérios ambientais e sociais com o mesmo peso que a rentabilidade; e

  • O conselho deliberativo discute sustentabilidade não como modismo, mas como mandato fiduciário.


🚀 Conclusão

Os fundos britânicos não são perfeitos — mas são transparentes. Os fundos brasileiros estão aprendendo — mas ainda são de uma timidez embaraçoza (video clip no alto do artigo)

A boa notícia é que o setor tem capital humano, histórico e ambição suficientes para virar o jogo.

Só falta uma coisa:

parar de apenas “falar” de ESG e começar a “decider” com ESG.

Porque, no fim, ESG de verdade não é sobre salvar o planeta e abraçar arvores, mas sim sobre garantir que ainda exista um planeta para pagar beneficios de aposentadoria.

Grande abraço,

Eder.


Opiniões: Todas minhas | Fontes: “Relatório de Sustentabilidade das EFPC – 3ª Edição, 2024” publicado pela ABRAPP.

Disclaimer 1: Disclaimer: Esse artigo foi escrito com uso de IA, baseado em prompts e na profunda experiencia profissional do autor e nas informações e fontes citadas.

Disclaimer 2: Esse texto não é aconselhamento financeiro, não é orientação de investimentos, não recomenda a compra de nenhum ativo real ou digital, nem de valores mobiliários, nem de coisa nenhuma. Publiquei o texto porque achei que poderia ser útil. 


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