É impopular com os eleitores, mas difícil de evitar já que as finanças públicas caminham para o caos e a longevidade teima em continuar empurrando para cima o limite da vida humana.
Sem muita escolha, o Presidente Nicolas Sarkozy declarou nessa segunda-feira que encaminhará ao Congresso até Setembro, um projeto de lei reformando o custoso sistema de previdência social.
Dados da OCDE indicam que a França gasta 12,4% do PIB com sua previdência social, contra 11,1% em média dos países da zona do euro.
A proporção entre ativos e aposentados projetada pelo governo francês levará a um déficit anual da previdência social da ordem de €100 bilhões (US$136 bilhões) em 2050, comparados ao “buraco” estimado para 2010 de €25 bilhões (US$34 bilhões).
Sarkozy não é bobo, se reuniu com os principais sindicatos e federações patronais para negociar o cronograma das discussões, que quer começar em abril próximo.
Assegurou que ouvirá todos os dois lados e prometeu recursos para o atual sistema de repartição simples, no qual as contribuições dos empregados ativos pagam os benefícios dos aposentados.
Dentre as opções - tradicionais e nada criativas, diga-se de passagem - para reduzir os custos do sistema estão diminuir os benefícios ou aumentar a idade de aposentadoria, atualmente em 60 anos.
Ambas rejeitadas pelos sindicatos que preferem aumento de impostos para financiar o déficit.
Você acha que Sarkozy vai conseguir evitar as paralisações em massa prometidas pelos sindicatos?
Ele está se esforçando, mas não terá muita saída, pois não conseguirá empurrar o problema para o próximo presidente, a ser eleito em 2012.
O socorro aos bancos e as conseqüências da crise econômica mundial estão empurrando o déficit público para estimados 8,2% do PIB esse ano, é o maior dos últimos 50 anos.
Os franceses resistem a trabalhar por mais tempo
A opinião pública ainda não está convencida de que uma reforma é inevitável. De acordo com uma pesquisa feita pelo jornal Dimanche Ouest-France, 59% dos franceses se opõe a um aumento na idade de aposentadoria. A maioria também rejeita corte nos benefícios ou aumento nas contribuições.
Outra pesquisa, essa conduzida pela BVA a pedido do Canal+, mostrou que os franceses esperam se aposentar aos 62 anos. Portanto, além da idade requerida hoje, mas antes dos 67 anos exigidos por outros países europeus como, por exemplo, a Alemanha.
Os sindicatos acham que emendar o sistema de previdência é menos urgente e a prioridade deve ser o desemprego: "Esperamos, primeiro, medidas para lidar com a situação dos empregados que foram vitimados pela crise”, declarou o Presidente do Sindicato CFDT.
Já os representantes dos empregados defendem o aumento na idade de aposentadoria, alegando que traria benefícios maiores como aumentar a oferta de emprego para os trabalhadores mais velhos.
Não vai ser fácil conciliar esses interesses....
Forte abraço,
Eder.
Fonte: Business Insurance
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