Alguns CEO (Presidentes) com longa permanência no cargo devem ter ficado arrepiados ao observar o desenrolar dos fatos recentes no mundo Árabe.
Mesmo não havendo nenhuma semelhança entre eles e Hosni Mubarak ou Muammar Kadafi - e ainda que sejam os líderes mais competentes e benevolentes da face da terra - uma ponta de horror os deve ter invadido ao constatarem o quão rápido as fortunas de autocratas, outrora confortáveis, podem se desintegrar.
Devem ter refletido sobre a assustadora tendência que o ser humano tem de negar os sinais claros a sua frente, reagindo com raiva, desilusão e dissimulação, como vimos acontecer com aqueles tiranos mencionados acima.
Tais exemplos sugerem que no minuto de humilhação pelo qual, em algum momento, todos nós inexoravelmente passamos, é estremamente difícil seguir o único conselho óbvio: se o fim é inevitável, a única estratégia que resta - em sã consciência - é salvar a sua reputação.
A maneira com que você encara as suas semanas e meses finais no poder, terão um enorme impacto sobre como você será lembrado. De fato, pesquisas feitas pelo ganhador do Prêmio Nobel, Daniel Kahneman, sugerem que este comportamento terá um impacto determinante.
Através de uma série de experimentos, Kahneman descobriu que a memória das pessoas é moldada por “instantes de pico”, sejam bons ou ruins, e pela maneira segundo a qual as experiências terminam.
Essa regra do “pico do instante-final” trás uma lição para os executivos que deixam seus postos – quer sejam forçados a sair ou tenham decidido, por conta própria, partir para novos desafios.
Considerando que será muito tarde para mudar o legado de toda a sua administração, enquanto você se dirige para a porta de saída, sua bala de prata para afetar a forma pela qual você será julgado pela história é criar uma impressão favorável com a sua saída.
Você será lembrado como um egoísta-narcisista ou como alguém sempre disposto a servir os outros com desinteresse?
As pessoas com as quais você trabalha – seus pares, chefes, subordinados e clientes – manterão a primeira dessas imagens na memória se você dedicar seus últimos dias para se jactar de suas realizações e se preocupar nos proveitos para sí próprio com sua saída.
No entanto, se assistirem você agradecendo aqueles que te ajudaram, encorajando os clientes a permanecerem leais a empresa e consertando pontes com velhos adversários, recordarão de você com a segunda imagem.
Tenha em mente que as pessoas prestarão atenção, particularmente, em como você interage com seu sucessor.
Elas o julgarão pela autenticidade de seus agradecimentos. Analisarão sua linguagem corporal, notando sua proximidade em relação aos demais, a sinceridade do seu sorriso, se você parece interessado, entediado ou desdenhoso enquanto seu sucessor fala.
Se você é um CEO que está deixando, também, a cadeira de Presidente do Conselho de Administração, as pessoas notarão se você mostra deferência e respeito pelo novo chefão ou se o trata da mesma velha maneira – interrompendo o discurso dele e insisitindo em sempre ter a última palavra.
Lembro do caso de um ex-CEO que me impressionou muito. Pouco depois dele ter ascendido a presdiência do conselho de administração, durante um evento "off-site" do qual participei, notei a diferença em sua postura.
Ele passou a maior parte dos três dias do evento sentado no fundo da sala, ouvindo cuidadosamente as falas do CEO que o sucederia e só raramente fazendo intervenções e comentários. Uma brusca diferença em seu comportamento enquanto estava no comando.
Quando o questionei sobre esse fato ele me disse: o show agora deve ser dele e o meu papel é não ficar na frente. Esse comportamento elegante durante a transição do comando é um ótimo exemplo da regra do “pico do instante-final”. O que ficou na memória de todos foi a cortesia, a graça e a elegância do antigo CEO.
Se você quiser deixar uma boa imagem na memória de seus filhos, irmãos, parentes e amigos, faça um plano de aposentadoria o mais cedo possível em sua vida.
Tenho certeza de que ninguém quer ser lembrado com pena, como alguém que nos últimos anos da vida precisou de apoio financeiro para viver e pagar até a conta de luz...
Forte abraço.
Eder.
Fonte: Adaptado do artigo “On Stepping Down Gracefully”, escrito por Robert Stutton para Harvard Business Review. Crédito de imagem: Blog aigfome.com
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