Psicólogos e economistas adoram falar sobre a noção dos dois “eu”: o eu presente e o eu futuro. É uma boa maneira de explicar a tendência que todos temos de ter uma preferência para o futuro, mas outra preferência bem diferente quando esse futuro chega e se torna o presente.
No domingo a noite, seu “eu futuro” pode estar planejando se recolher para a cama cedo na segunda-feira para acordar cedo na terça, ir para a academia de ginástica e ouvir lições de espanhol no seu Itouch enquanto faz uma hora de exercícios na esteira.
Mas …. chega a segunda-feira a noite e durante um jantar com clientes a voz do seu “eu futuro” dá lugar ao seu “eu presente” e você enfia o pé na jaca, come aquela sobremesa maravilhosa (e engordativa), toma licor pós-jantar e ainda dá uma passadinha na balada antes de ir para casa tarde da noite.
Na terça de manhã, enquanto você reprograma o seu despertador para tocar às 8h00am e não mais às 5h30am, a voz do seu “eu futuro” também está sonolenta e volta para dormir com você.
Numa dessas peças de 1º de abril, o website www.thinkgeek.com propôs uma solução para essa situação. Um rádio-relógio que faz doações programadas diretamente da sua conta corrente para causas que você odeie, toda vez que você tocar no botão “snooze”.
Imagine você (um tucano) doando dinheiro para o Delúbio Soares do PT toda vez que você dormir demais. Isso te tiraria da cama?
Apesar do radio-relógio chamado de “SnuzNLuz” – algo como “Cochile e Perca”, em tradução livre – ser apenas uma brincadeira, seria uma idéia sensacional.
O maior inimigo da maioria dos “eu futuro” é o “eu presente”. O conceito muito alardeado e que está por trás do website www.stickk.com (vale a pena conferir!) também está presente na idéia desse rádio-relógio:
Cobrar uma taxa ou multa de você mesmo toda vez que você falhar em seu compromisso de perder peso, parar de fumar ou poupar para aposentadoria, por exemplo.
Não adianta impor uma multa que apenas lhe cause dor no bolso. Se você doasse o valor dessa multa para uma instituição de caridade, por um lado, estaria contribuindo para uma boa causa.
Mas, por outro, teria uma bela justificativa para continuar procrastinando continuamente: minha ação está ajudando aquela instituição de caridade, por isso não me sinto tão culpado comigo mesmo...
Então, é preciso mais do que isso. Você precisa se sentir incomodado com aquilo, muito incomodado. Esse desconforto, ao não lhe sair da cabeça, é que trará o efeito esperado, conforme ensina a psicologia social.
Portanto, se você quer proteger você de você mesmo, busque um meio de fazer o seu “eu presente” mais forte do que o seu “eu futuro”.
Forte abraço,
Eder.
Fonte: Adaptado do artigo “Contracts to fight procrastination” escrito por Dan Goldstein e publicado em http://www.decisionsciencenews.com.
Crédito de imagem: www.thinkgeek.com
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