segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Crise Econômica muda atitude dos fundos de pensão com relação a Governança
Deu em Monte Carlo, Mônaco.
A crise econômica mundial afetou a maneira pela qual os fundos de pensão tratam da Governança e Gestão de Riscos dos Investimentos, conforme discussões levadas a efeito durante o Seminário IPE European Pension Fund Awards - premiação dos melhores fundos de pensão promovida pela Revista Investment & Pensions Europe, ocorrida recentemente em Mônaco.
Karen Stroobants, Diretora Independente do Levi Strauss Pension Fund, da Bélgica, disse: "A principal mudança é que os conselhos deliberativos dos fundos de pensão estão se dando conta de que as coisas podem dar errado”.
“Sete ou oito anos atrás isso, absolutamente, não acontecia. [A crise econômica] foi uma grande surpresa para os conselhos de muitos fundos de pensão e agora eles estão tentando descobrir quais são os sinais de alerta para evitar que essa situação se repita”, continuou Karen.
Isso resultou em alterações na Governança e na Gestão de Riscos dentre os fundos de pensão, cujos mandatos para os gestores de investimentos passaram a ser muito mais detalhados.
David Suetens, Diretor de Gestão de Riscos no ING Investment Management,comentou: "Os mandatos se tornaram muito mais granulares, em outras palavras, muito mais específicos quanto aos parâmetros de risco.
“Antes da crise, nosso cliente Alemão só discutia os riscos dos investimentos conosco quando eramos contratados e nos era dado um mandato. Agora eles querem interagir com frequência ao longo do ciclo de existência do mandato e não apenas com o gestor da carteira e com o CIO, mas também com os responsáveis pelas funções operacionais, para manter o controle tanto dos riscos operacionais quanto dos riscos dos investimentos”, concluiu David.
Karen acrescenta: "Ainda vejo com frequência contratos de duas ou três páginas com os gestores de investimentos. Mas os fundos de pensão precisam descrever em detalhes o que eles querem que seja feito pelos gestores dos ativos e como querem tratar os riscos naquele contrato e então, dali pra frente, mensurar esses elementos”.
O Pensioenfonds SNS REAAL (um grande fundo de pensão Europeu) mudou seus mandatos, há dois anos, para acomodar mais regras sobre que riscos seus gestores de investimentos podem correr.
Mariëtte Simons, Diretora Superintendente do Pensioenfonds SNS REAAL, com sede na Holanda, falou: "É o fundo de pensão que tem que definir as metas para gestão dos invesimentos e o tipo de informação que requer, porque informação demais não tem utilidade”.
Um ponto em que todos concordam: A Governança e a Gestão dos Riscos precisam ser acompanhadas regularmente após a seleção inicial do gestor dos investimentos.
Karen finalizou: "É necesário mais profissionalismos nos conselhos e melhores controles pelas autoridades. A custódia independente deveria ser compulsória”.
A crise econômica global não afetou os fundos de pensão brasileiros tão duramente, quanto o fez com os fundos americanos e europeus.
Mas a lição que eles estão aprendendo lá fora é tão válida para nossos fundos de pensão como para os deles.
Em especial quanto a necessidade de profissionalismo dos membros dos conselhos e diretorias da maioria dos fundos de pensão brasileiros, principalmente os das multinacionais nos quais a dupla função e o decorrente conflito de interesses segue uma realidade, sem ser importunada.
A certificação de conselheiros ajuda, mas não é suficiente.
É necessário, conforme tenho defendido incansávelmente, a total independência dos membros dos conselhos, sem a qual os interesses do fundo de pensão, em sí, não estarão assegurados e as melhores práticas de Governança Corporativa, igualmente válidas para os fundos de pensão, continuarão passando longe dos mesmos no Brasil.
Abraço forte,
Eder.
Fonte: Adaptado do artigo “Crisis changed pension funds' attitude toward governance”, escrito por Nina Röhrbein e publicado no I&PE.
Crédito de imagem: http://www.ipe.com/
A crise econômica mundial afetou a maneira pela qual os fundos de pensão tratam da Governança e Gestão de Riscos dos Investimentos, conforme discussões levadas a efeito durante o Seminário IPE European Pension Fund Awards - premiação dos melhores fundos de pensão promovida pela Revista Investment & Pensions Europe, ocorrida recentemente em Mônaco.
Karen Stroobants, Diretora Independente do Levi Strauss Pension Fund, da Bélgica, disse: "A principal mudança é que os conselhos deliberativos dos fundos de pensão estão se dando conta de que as coisas podem dar errado”.
“Sete ou oito anos atrás isso, absolutamente, não acontecia. [A crise econômica] foi uma grande surpresa para os conselhos de muitos fundos de pensão e agora eles estão tentando descobrir quais são os sinais de alerta para evitar que essa situação se repita”, continuou Karen.
Isso resultou em alterações na Governança e na Gestão de Riscos dentre os fundos de pensão, cujos mandatos para os gestores de investimentos passaram a ser muito mais detalhados.
David Suetens, Diretor de Gestão de Riscos no ING Investment Management,comentou: "Os mandatos se tornaram muito mais granulares, em outras palavras, muito mais específicos quanto aos parâmetros de risco.
“Antes da crise, nosso cliente Alemão só discutia os riscos dos investimentos conosco quando eramos contratados e nos era dado um mandato. Agora eles querem interagir com frequência ao longo do ciclo de existência do mandato e não apenas com o gestor da carteira e com o CIO, mas também com os responsáveis pelas funções operacionais, para manter o controle tanto dos riscos operacionais quanto dos riscos dos investimentos”, concluiu David.
Karen acrescenta: "Ainda vejo com frequência contratos de duas ou três páginas com os gestores de investimentos. Mas os fundos de pensão precisam descrever em detalhes o que eles querem que seja feito pelos gestores dos ativos e como querem tratar os riscos naquele contrato e então, dali pra frente, mensurar esses elementos”.
O Pensioenfonds SNS REAAL (um grande fundo de pensão Europeu) mudou seus mandatos, há dois anos, para acomodar mais regras sobre que riscos seus gestores de investimentos podem correr.
Mariëtte Simons, Diretora Superintendente do Pensioenfonds SNS REAAL, com sede na Holanda, falou: "É o fundo de pensão que tem que definir as metas para gestão dos invesimentos e o tipo de informação que requer, porque informação demais não tem utilidade”.
Um ponto em que todos concordam: A Governança e a Gestão dos Riscos precisam ser acompanhadas regularmente após a seleção inicial do gestor dos investimentos.
Karen finalizou: "É necesário mais profissionalismos nos conselhos e melhores controles pelas autoridades. A custódia independente deveria ser compulsória”.
A crise econômica global não afetou os fundos de pensão brasileiros tão duramente, quanto o fez com os fundos americanos e europeus.
Mas a lição que eles estão aprendendo lá fora é tão válida para nossos fundos de pensão como para os deles.
Em especial quanto a necessidade de profissionalismo dos membros dos conselhos e diretorias da maioria dos fundos de pensão brasileiros, principalmente os das multinacionais nos quais a dupla função e o decorrente conflito de interesses segue uma realidade, sem ser importunada.
A certificação de conselheiros ajuda, mas não é suficiente.
É necessário, conforme tenho defendido incansávelmente, a total independência dos membros dos conselhos, sem a qual os interesses do fundo de pensão, em sí, não estarão assegurados e as melhores práticas de Governança Corporativa, igualmente válidas para os fundos de pensão, continuarão passando longe dos mesmos no Brasil.
Abraço forte,
Eder.
Fonte: Adaptado do artigo “Crisis changed pension funds' attitude toward governance”, escrito por Nina Röhrbein e publicado no I&PE.
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