domingo, 15 de junho de 2025

UMA LIÇĀO POST-MORTEM DADA POR GRANDES BANCOS PARA FUNDOS DE PENSĀO QUE PRETENDEM INOVAR

 


De Sāo Paulo, SP.


Três bancos criaram suas próprias fintechs, três logos diferentes, mas todas as três tentativas de inovar morreram pelos mesmos motivos.

Se bastasse o acesso à tecnologia, algo amplamente franqueado a qualquer organizaçāo na era digital, os bancos rapidamente lançariam as mesmas inovações disruptivas, criadas pelas fintechs.

Se você quer entender por que não basta um fundo de pensão abraçar novas tecnologias para se destacar junto ao público e sobreviver à disruptura, preste atenção nessa história.

Zing (HSBC), Finn (Chase) e Marcus (Goldman Sachs)

HSBC, JP Morgan Chase e Goldman Sachs, todos lançaram suas inovações digitais com bastante estardalhaço na mídia. Todos mataram as novas soluções discretamente, sem alarde.

Nāo foi falta de sorte, foi um padrāo e se os bancos nāo aprenderem com ele, irāo repeti-lo. Eis o que vai continuar matando novas tentativas:

1. Falta de obsessão pelo consumidor

O Zing foi lançado na Europa pelo HSBC com os mesmos preços do concorrente disruptivo Wise, portanto, nenhum motivo para o consumidor trocar de solução. O Finn era uma solução só do Chase, mas pior do que a dos concorrentes. O Marcus tinha taxas competitivas, mas nenhuma relevância nas transações diárias.

O problema: Cheios de recursos, emocionalmente vazios junto ao publico.

2. Muito dinheiro, muito cedo

O aplicativo de pagamentos internacionais Zing investiu US$ 150 milhões antes de ter PFM – Product Market Fit, ou seja, antes de encontrar um nicho no mercado onde o produto tivesse uma profunda ressonância com os clientes, resolvendo um problema real para eles e fornecendo valor significativo.

Isso significa que eles estavam gastando dinheiro em desenvolvimento e marketing sem uma indicação clara de que seu produto repercutiria em um público grande o suficiente.

A plataforma digital Marcus atraiu um número significativo de clientes, mas sem monetização. Apesar de acumular bilhões em depósitos e empréstimos, o negócio não gerava receita ou lucro suficiente para ser considerado financeiramente viável ou bem-sucedido. Essencialmente, o negócio estava crescendo em escala (depósitos e empréstimos), mas não estava convertendo esse crescimento efetivamente em um modelo de negócios lucrativo.

O banco digital Finn foi lançado nos EUA em uma ampla campanha de marketing, atingindo uma enorme audiência em nível nacional, antes mesmo de ter claridade. Isto é, antes que a empresa tivesse uma compreensão clara de seu propósito, público-alvo e proposta de venda exclusiva.

A falta de entendimento claro de sua marca, público-alvo e benefícios específicos do Finn, antes da campanha de marketing ser lançada significa, essencialmente, que a empresa estava comercializando um produto / serviço sem uma base sólida de conhecimento. O potencial de conexāo com os clientes para construçāo de uma marca forte se perdeu, devido à falta de clareza.

O problema: Abundância, mas em meio a vários pontos cegos

3. Criados para fazer manchete, nāo para mudar hábitos

A imprensa adora manchetes, tipo "banco lança fintech". Os clientes, porém, não dāo a mínima, a menos que a solução facilite ou mude a vida deles.

O Zing deu cartões e forneceu referências de crédito para os clientes. O Marcus deu 4,5% de retorno anual e nada mais do que isso. O Finn ofereceu as mesmas coisas ... de forma mais desajeitada.

O problema: Funcionalidade importava menos que exposição de mídia.

4. Sem cobertura política da liderança

O Zing perdeu seu patrocinador interno, aqueles que idealizaram o lançamento da solução deixaram o HSBC. O Marcus perdeu apoio dos altos executivos para seguir adiante e o Finn foi desaparecendo silenciosamente.

O problema: Quando mudam as lideranças, mudam orçamentos e prioridades.

5. A inovação era apenas um tick

Sim, todos eles fizeram pesquisas de mercado, mas nāo aproveitaram plenamente a oportunidade para entender de verdade as necessidades das pessoas.

Foi por isso que o Zing aumentou as recompensas dadas aos clientes antes da solução “pegar” e ser amplamente aceita pelo mercado. A plataforma Marcus incorporou o app de finanças pessoais, chamado Clarity Money, que havia sido comprado pelo Goldman em 2018, sem ter nenhum plano caso o Marcus não deslanchasse.

A dura realidade:

Bancos podem criar fintechs, mas não podem fingir ser uma delas. Fundos de pensāo podem usar tecnologia para atender os participantes, mas nāo podem fingir ter inovado na entrega disruptiva de segurança financeira futura para eles.

Para fazer da maneira correta, é preciso:

  • Um líder real para o produto / serviço;

  • Longo desenvolvimento, com ciclos curtos de feedback;

  • Uma clara proposta de valor (“porque nós e nāo os outros);

  • Investimento disciplinado;

  • Proteção interna da solução ou independência da organização.

Se a sua inovação vive dentro da estrutura organizacional de um banco ou de um fundo de pensão, já começou com os dias contados. Inove como se ninguém fosse salvar sua ideia.

Grande abraço,

Eder.


Opiniōes: Todas minhas | Fontes: “Build like no one’s coming to save it”, escrito por Eddy Rodriguez.


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