segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Será que as pessoas que costumam viajar muito de avião, envelhecem mais devagar e se aposentam mais tarde?
De São Paulo, SP
É só minha impressão ou esse vôo não termina nunca?
Você está espremido na poltrona do meio da penúltima fileira, na parte de trás do avião. Só passaram duas horas no seu vôo que atravessa o país, de Porto Alegre-RS para Boa Vista-RR, mas você juraria que já se passou muito mais tempo. Parece que os minutos estão se arrastando...
Será que o tempo realmente está passando mais devagar para os que estão no meio de um vôo, em relação ao passar do tempo para aqueles que estão em Terra?
Muitos já ouviram falar que o tempo não passa na mesma velocidade para todo mundo. É o assunto preferido na ficção científica, cujas raízes estão na Teoria da Relatividade de Einstein.
Digamos que a história começa com dois irmãos gêmeos. Um fica na Terra enquanto o outro - a bordo de um foguete viajando a velocidade igual a uma fração da velocidade da luz - se entrega a uma jornada de ida e volta a um sistema planetário não muito distante.
Quando o gêmeo viajante retorna para a Terra, terá envelhecido mais devagar e será mais jovem do que seu irmão gêmeo deixado para trás.
Esse fato familiar - e paradoxal - resulta de um princípio da Teoria da Relatividade conhecido por dilatação do tempo. Segundo tal princípio, um relógio se movendo a altas velocidades fará “tick-tack” mais lentamente do que um relógio estacionário.
Da mesma forma, um homem numa viagem interestelar, envelhecerá mais devagar do que outro na Terra.
Mas o princípio da dilatação do tempo também afirma que a velocidade não é a única coisa que afeta o ritmo com que um relógio funciona ou uma pessoa envelhece. A força da gravidade também conta.
Um relógio submetido a um forte campo gravitacional (digamos, na superfície da Terra) funcionará mais lentamente do que outro sujeito a uma força gravitacional mais fraca (como a verificada a alguns kilometros acima da atmosfera).
Os cientistas demonstraram que a dilatação do tempo não ocorre apenas a velocidades próximas a da luz.
O físico Chin-Wen Chou e seus colegas do Laboratório de Boulder – Colorado, no National Institute of Standards and Techology (Instituto Nacional de Normas e Tecnologias dos EUA) - usando relógios ópticos com extrema precisão – demonstraram que o “tick-tack” dos relógios muda (é afetado) por velocidades tão baixas quanto 40 km/h e alturas do solo tão pequenas como 30,48 cm.
Se a dilatação do tempo ocorre sob condições que fazem parte do nosso dia-a-dia, será que o envelhecimento mais lento vivenciado pelos gêmeos de nossa experiência, também ocorre – de maneira mais sútil – com os passageiros que nos são mais familiares, aqueles que viajam frequentemente de avião?
Um vôo que atravessa o país é uma viagem muito mais curta e é feito a uma velocidade infinitamente inferior, quando comparado à uma odisséia interplanetária, claro.
Mesmo assim, você estaria se movendo a uma velocidade bem mais rápida do que alguém que não está viajando com você e permanceu em Terra.
“As pessoas em um vôo comercial estão sujeitas aos dois fatores previstos pelo princípio da dilatação do tempo”, comenta o Dr. Chou.
Elas viajam rápido, a uma velocidade de cerca de 800 km/h e por estarem a uns 10 km de altura em relação ao solo, também sestão sujeitas a uma força gravitacional menor.
Então: será que os passageiros de avião envelhecem mais devagar, já que estão viajando a altas velocidades? Ou será que envelhecem mais depressa, por estarem sujeitos a uma gravidade mais fraca?
O Dr. Chou fez a conta e descobriu que os “frequent flyers” na verdade envelhecem um pouquinho mais depressa do que aqueles de nós que permanecemos com os dois pés no chão.
Os aviões se deslocam a altitudes elevadas o bastante para que a menor força gravitacional acelere o “tick-tack” de um relógio a bodo, em um ritmo superior a diminuição causada no seu funcionamento em decorrência da grande velocidade de deslocamento.
A diferença é tão pequena, que até o mais premiado dos passageiros, pelos programas de milhagem, não precisa se preocupar com rugas adicionais.
Pelos cálculos do Dr. Chou, um passageiro que tenha adquirido pontos equivalentes a 16 milhões de kilômetros de vôo terá envelhecido apenas 59 microsegundos a mais do que seus colegas que permaneceram em Terra.
Então, não adianta pedir ao chefe para te colocar num monte de viagem de negócios. Você vai se aposentar juntinho com todos os seus colegas da mesma idade, que ficaram trabalhando no escritório.......
Abraço forte,
Eder.
Fonte: Adaptado de artigo escrito por Valerie Ross, publicado em www.science Line.org
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