
De Sāo Paulo, SP.
Nas últimas semanas, manchetes em veículos da mídia especializada celebraram a consolidação dos fundos de pensão como se fosse a “salvação” do setor.
A lógica é simples: menos fundos de pensāo, maior escala, menores custos. Parece bonito na teoria. Mas é uma leitura rasa — pior, equivocada.
A redução do número de fundos de pensão no Brasil e no mundo não é a solução para o problema da previdencia compleentar corporativa.
É apenas a consequência que afeta um setor patinando para acompanhado o ritmo das transformações sociais, demográficas e tecnológicas no mundo.
Vamos por partes.
O que está, realmente, por trás dessa consolidação
1. Transformações no mundo do trabalho
A era do emprego vitalício acabou há dácadas. Hoje em dia as pessoas constroem carreiras em 12, 15 empresas diferentes ou combinam múltiplas fontes de renda na chamada GIG economy.
O modelo de previdência complementar corporativa, pensado para vínculos empregatícios estáveis e de longo prazo, não conversa com essa realidade.
GIG Economy: é um mercado onde os trabalhos são caracterizados por contratos de curto prazo, serviços temporários ou freelancers, em vez de empregos permanentes na folha de salarios. Plataformas digitais sāo utilizadas para conectar prestadores de serviços a clientes. A GIG economy oferece flexibilidade aos trabalhadores para escolherem tarefas e horários, mas também impõe desafios de segurança e estabilidade.
2. Revolução financeira e tecnológica
Blockchain, tokenização, cryptoativos. Uma nova economia nasceu — a cryptoeconomia. Ela oferece classes de ativos inovadoras e custos de investimento que são uma fração do que cobram os fundos de pensão tradicionais.
Enquanto isso, os fundos seguem à margem, olhando para o retrovisor. Nem com toda consolidação do mundo o custo de gestão financeira dos fundos de pensāo consiguirá competir com aqueles dessa nova economia.
Isso impede a universalização da cobertura e sua extensão para camadas de renda menores.
3. Imobilismo de meio século
Quando foi a última vez que um fundo de pensão criou um produto realmente inovador, uma nova abordagem de plano de previdencia complementar?
Faz mais de 50 anos que surgiram os planos CD e eles continuam sendo o produto do setor. Os planos BD, todos fechados para novas adesōes, seguem em lenta extinçāo.
Jovens que começam a poupar atualmente preferem fintechs, stablecoins, perfis de investimentos de impacto e até plataformas de crypto staking, porque falam a língua deles, oferecem agilidade e custam muuuuito, muito menos.
4. Governança míope
Conselhos deliberativos e diretorias são frequentemente ocupados por profissionais oriundos de fora do setor de previdência complementar e que tem a mesma origem (empregados das empresas patrocinadoras.
Gente competente em outras áreas, mas incapaz de enxergar os caminhos específicos que o setor precisa trilhar, alem de terem a mesma visāo. Isso faz os conselhos deliberativos atuais sofrerem de “group thinking” (pensamento em grupo)
Resultado? Reação lenta, arrastada e zero ousadia ...
5. Outras variaveis
Cenário regulatório engessado, resistência cultural à inovação, tudo isso somado às razoes anteriores, levam à crença de que “escala” resolve tudo.
No fim, a consolidação é muito menos uma estratégia de sobrevivência e muito mais um efeito colateral que atingiu em cheio o setor.
Assim, vai-se perdendo o timing, por um baita erro de diagnóstico.
O que os dados mostram
Não é só percepção. Como já apontei em varios artigos anteriores no TECONTEI?, o movimento de redução do número de fundos de pensāo é um fenomeno global.
Japão, Holanda, Reino Unido, Australia — todos viram quedas drásticas no número de entidades, mas nem sempre isso se traduziu em melhores resultados ou maior solidez.
Pelo contrário, em muitos casos a concentração trouxe mais burocracia, menos diversidade de soluções, menor competitividade e queda da qualidade para os participantes, limitando ainda mais a saida para o problema.
A explicação do título
Por que o título mistura Boyz II Men com O Lobo de Wall Street?
Boyz II Men: Fundado em 1988 como um quarteto de “Soul Music”, o grupo Boyz II Men explodiu nos anos 90 com sucessos como a música: “It’s So Hard To Say Goodbye To Yesterday”. O título da música traduz bem a síndrome dos fundos de pensão: não conseguem se desapegar do passado. Em tradução livre, o titulo da musica seria algo tipo:
“É muito difícil dizer adeus ao ontem”
O Lobo de Wall Street: No filme de Martin Scorsese, Leonardo DiCaprio interpreta um corretor que, certo ou errado, mostrou ousadia para reinventar seu jogo. Há uma cena emblemática em que ele segura uma caneta e provoca: “Me venda essa caneta”. Essa é a atitude que falta ao setor de fundos de pensāo — criar soluções novas para o amanhã e saber vende-las, porque a necessidade de segurança financeira nunca deixou, nem deixará, de existir.
Conclusão
Enquanto os fundos de pensão permanecerem acorrentados à melancólica melodia dos Boyz II Men, presos ao “ontem”, continuarão encolhendo.
Só irão sobreviver aqueles que tiverem a coragem de ouvir a provocação do Lobo de Wall Street: parar de vender o passado e aprender a vender o futuro.
Grande abraço,
Eder.
Opiniões: Todas minhas | Fontes: “Fundos de Pensāo Buscam Consolidaçāo”, escrito por Liane Thedim e “ Opinião: a previdência complementar fechada sob o prisma ESG”, escrito por Breno de Oliveira e Flavio Rodrigues.
Disclaimer: Esse artigo foi escrito com uso de IA, baseado em prompts, experiencia profissional e profundo conhecimento de mercado do autor e informações das fontes citadas.


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