terça-feira, 23 de setembro de 2025

PRECISAMOS DE UMA MUDANÇA FUNDAMENTAL NOS FUNDOS DE PENSĀO: REDESENHO ESTRUTURAL DE SEUS PLANOS - É PARA ONTEM!

 


De Sāo Paulo, SP.


Falar em “futuro do trabalho” já virou clichê. A verdade é que esse futuro já chegou e parece que ninguém contou pros fundos de pensão.

Os planos de previdência complementar corporativos continuam estruturados como se estivéssemos nos anos 70: carreira linear, aposentadoria com interrupção súbita do trabalho aos 60 – 65 anos e vida tranquila até o fim.

Só que o mundo mudou radicalmente.

Hoje em dia, ninguém para totalmente de trabalhar. O que acontece na prática é uma redução de ritmo: menos dias por semana, menos horas por dia.

O trabalho não acaba, apenas se transforma.

Um “semi-aposentado” pode, perfeitamente, continuar trabalhando na mesma empresa, com carga horária reduzida ganhando salário pro-rata, enquanto recebe parte proporcional de seu benefício de aposentadoria.

Mas para isso, regras centenárias da previdência complementar corporativa precisariam ser eliminadas dos desenhos de plano dos fundos de pensão

É necessária uma mudança radical na concepção dos planos de previdência complementar corporativa, ancorada nas novas realidades sociais e no comportamento humano, se quisermos proporcionar resultados melhores para os poupadores e progredirmos em direção aos objetivos econômicos dos fundos de pensāo.

Está na hora de abandonarmos estratégias fragmentadas e fortemente baseadas em aspectos financeiros e adotarmos estratégias inclusivas, redesenhando os planos de previdência complementar com mecanismos que estendam o impacto da previdência complementar ao longo de toda a vida das pessoas.

Embora incentivos fiscais, perfis de investimentos com riscos padronizados e campanhas de educação financeira desempenhem seu papel, essas abordagens geralmente atingem apenas os mais engajados financeiramente e só durante uma parte da vida profissional.

Fica para trás a maioria passiva para quem a inércia, a incerteza e as necessidades imediatas de liquidez, dominam a tomada de decisões, simplesmente porque as abordagens atuais são inócuas diante da realidade do trabalho e do emprego do século XXI.

Até mesmo iniciativas bem-intencionadas como a adesão automática causam impacto limitado e desigual, a menos que os planos de previdência complementar corporativos sejam cuidadosamente alinhados com as mudanças sociais, com o “futuro do trabalho” (que já chegou) e com as necessidades/comportamentos individuais dos poupadores.

Se quisermos levar a sério a poupança para a aposentadoria, precisamos ir além e elaborar uma arquitetura que corresponda à forma como a vida profissional realmente se comporta – e não à forma como aqueles que elaboraram os atuais desenhos de plano gostariam que se comportasse.

Isso significa mudarmos da atual arquitetura para desenhos de plano que se desloquem da:

  • Trava rígida no pagamento das rendas - para uma liquidez condicional, com grande flexibilidade para interromper e voltar a receber pagamentos, bem como aumentar e reduzir o valor da renda mensal em função das circunstâncias de cada momento da vida profissional/pessoal.

  • Possibilidade de fazer contribuições apenas antes da “aposentadoria” - para possibilidade de se creditar novas contribuições mesmo ao longo da fase de recebimento da renda.

A aposentadoria não pode ser encarada como uma linha reta, só de ida, sem volta. Por que não permitir que o participante comece a receber renda de aposentadoria, possa interrompe-la e voltar a contribuir, retomando o ciclo em momentos diferentes da vida? Uma aposentadoria flexível, em sintonia com a realidade de quem nunca deixa de ser economicamente ativo

  • Portabilidade condicionada à manifestação do participante - para portabilidade automática da poupança individual, sempre que a pessoa mudar de emprego. Precisamos de um sistema de “tag along previdenciário”, onde a poupança de aposentadoria seja atrelada e siga a pessoa automaticamente sempre que ela mudar de emprego, ao invés de ser ligada à empresa e seu fundo de pensão. Precisamos reconhecer a mobilidade profissional e assegurar que os trabalhadores possam transportar sua poupança até mesmo através das fronteiras, sem custos proibitivos ou obstáculos administrativos. Ter uma poupança de previdência complementar que não acompanha o dono é quase um anacronismo;

  • Separação estanque entre a fase ativa e o período de aposentadoria - para possibilidade de se estar ativo e aposentado ao mesmo tempo, tipo o “Gato de Schrödinger” (GIF do começo desse artigo);

  • Educação financeira abstrata - para ferramentas tecnológicas que ressonem emocionalmente com cada individuo;

  • Exigência de término do vínculo empregatício como requisito de elegibilidade ao benefício - para o reconhecimento de que os múltiplos empregos e vínculos de trabalho são uma extensão natural do vinculo corrente.


Credito de Imagem: www.integrasist.com.br


O ônus dessas mudanças no desenho dos planos de previdência complementar não deve recair apenas sobre os empregadores:

Fundos de pensāo, intermediários (firmas de consultoria) e instituições públicas devem se mobilizar para criar um ambiente em que a poupança a longo prazo seja o caminho de menor resistência.

Redesenho estrutural, no entanto, por si só é insuficiente, tem que vir com salvaguardas prudenciais robustas, para que os poupadores possam confiar que os produtos em que investem têm boa governança, preços justos e estão sujeitos a mecanismos eficazes de supervisão e reparação.

Resumindo

Se quisermos que a previdência complementar sobreviva e seja relevante, precisamos de um redesenho total dos planos — não alteraçõezinhas cosméticas, mas sim mudanças alinhadas com o comportamento real das pessoas e com a nova lógica do trabalho, que reflitam as evoluções sociais.

Do contrário, como escrevi na semana passada, corremos o risco de sermos a Nokia dos fundos de pensão: não fizemos nada de errado, mas, de repente, ficamos irrelevantes.

Grande abraço,

Eder.


Opiniões: Todas minhas | Fonte: “Pension ‘redesign’ needed to address European retirement savings gaps”, escrito por Sophie Smith.

Disclaimer: Esse artigo foi escrito com uso de IA, baseado em prompts, experiencia profissional e profundo conhecimento de mercado do autor e informações das fontes citadas.


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Cuidados na Portabilidade

Hora no Mundo?

--------------------------------------------------------------------------

Direitos autorais das informações deste blog

Licença Creative Commons
A obra Blog do Eder de Eder Carvalhaes da Costa e Silva foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em nkl2.blogspot.com.
Podem estar disponíveis permissões adicionais ao âmbito desta licença em http://nkl2.blogspot.com/.

Autorizações


As informações publicadas nesse blog estão acessíveis a qualquer usuário, mas não podem ser copiadas, baixadas ou reutilizadas para uso comercial. O uso, reprodução, modificação, distribuição, transmissão, exibição ou mera referência às informações aqui apresentadas para uso não-comercial, porém, sem a devida remissão à fonte e ao autor são proibidos e sujeitas as penalidades legais cabíveis. Autorizações para distribuição dessas informações poderão ser obtidas através de mensagem enviada para "eder@nkl2.com.br".



Código de Conduta

Com relação aos artigos (posts) do blog:
1. O espaço do blog é um espaço aberto a diálogos honestos
2. Artigos poderão ser corrigidos e a correção será marcada de maneira explícita
3. Não se discutirão finanças empresariais, segredos industriais, condições contratuais com parceiros, clientes ou fornecedores
4. Toda informação proveniente de terceiros será fornecida sem infração de direitos autorais e citando as fontes
5. Artigos e respostas deverão ser escritos de maneira respeitosa e cordial

Com relação aos comentários:
1. Comentários serão revisados depois de publicados - moderação a posteriori - no mais curto prazo possível
2. Conflitos de interese devem ser explicitados
3. Comentários devem ser escritos de maneira respeitosa e cordial. Não serão aceitos comentários que sejam spam, não apropriados ao contexto da dicussão, difamatórios, obscenos ou com qualquer violação dos termos de uso do blog
4. Críticas construtivas são bem vindas.




KISSMETRICS

 
Licença Creative Commons
This work is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Brasil License.