terça-feira, 25 de janeiro de 2022

OS FUNDOS DE PENSÃO - DO PRESENTE E DO FUTURO - DEVERIAM INVESTIR NO MERCADO DE ARTE E BUSCAR ESSA E OUTRAS CLASSES DE INVESTIMENTOS ALTERNATIVOS


Credito de Imagem: Edward Snowden via Foundation, Stay Free, NFT vendida por US$ 5,4 milhões


De São Paulo, SP.


Sun Tzu ou 孫武 - um general, estrategista e filósofo chinês que viveu entre 544 a.c. e 496 a.c. – escreveu em seu tratado militar intitulado A Arte da Guerra, composto por 13 capítulos: “Toda batalha é ganha antes sequer de ser lutada”.

 

Quando o ritmo das mudanças se acelera, você precisa estar preparado para mudar ou se preparar para ser deixado para trás. E não existe setor nenhum da economia que esteja a salvo das enormes transformações que estão acontecendo no mundo nesse momento, nem o conservador segmento de previdência complementar, nem os fundos de pensão.

 

Estar em posição de capitalizar quando as coisas vão mal, requer fazer cosias diferentes quando as coisas vão bem, mas isso vai contra a natureza humana – ninguém quer parecer um bobão remando contra a corrente nos momentos em que tudo vai bem, ainda que isso ofereça uma oportunidade única de posicionamento para quando as coisas estiverem difíceis. 

 

Só que os bons tempos, eventualmente, terminam. Por isso, a busca de novas classes de ativos e abordagens disruptivas na gestão dos investimentos dos fundos de pensão, deveria ser levada em consideração, seriamente, por conselheiros e diretores de fundos de pensão.

 

É aí que entre o mercado de arte. No dia 30 de julho de 2021 os ministros da cultura dos países do G20 emitiram uma declaração conjunta, pela primeira vez na história, posicionando a cultura como um dos motores para uma recuperação socioeconômica sustentável no mundo pós-covid.

 

O mercado de arte – alto retorno e hedge contra inflação

 

O mercado de arte física, uma classe de ativos que existe há 277 anos, está bombando graças a tecnologia - falaremos sobre isso mais adiante - e de acordo com a Revista Forbes os ricos estão gastando em arte como nunca

 

Quadros e pinturas, movimentaram vendas globais de cerca de US$ 64,1 bilhões em 2019, de acordo com Art Basel & UBS.

 

Não é à toa que a Deloitte vem publicando desde 2011, seu relatório Art & Finance (Arte & Finanças, em português) ressaltando as principais tendências e desenvolvimentos no mercado de arte enquanto investimento. 

 

De acordo com a versão de 2021 do relatório da Deloitte, o mercado de arte e coleções já representa US$ 1,7 trilhões e 86% dos wealth managers (gestores de investimentos) recomendam investir em arte.

 

Posicionado na interseção entre negócios, cultura e finanças, o mercado de arte pode encorajar novos modelos em torno dos investimentos sustentáveis e amplificar o papel e a importância da cultura em nossas vidas e na sociedade (mais: aqui )

 

Entre 1995 e 2021 o mercado de arte contemporânea valorizou 13,6% contra um retorno anualizado de 9,3% do mercado de ações, incluindo dividendos, medido pelo índice S&P500 no mesmo período. Isso representa 146% a mais de valorização a favor do mercado de arte.

 

A favor, conta ainda a baixa correlação entre o mercado de arte e o mercado de ações. Em seu relatório The Global Art Market and Covid-19 - Innovating and Adapting, publicado em dezembro de 2020, o Citibank calcula que a correlação de longo prazo entre o mercado de arte e o índice S&P 500 é de 0,10. Essa baixa correlação mostra que o investimento em arte pode desempenhar um papel importante na diversificação de portfolios.



Finalmente, o mercado de arte pode ser uma excelente classe de ativos alternativos para fazer hedge (proteção) tanto em cenários de inflação crescente, quanto em cenários de baixos retornos, como aqueles caracterizados por taxas de juros sub-zero ou negativas (gráfico abaixo).

 



Democratização da arte como investimento

As operações de trading com NFTs deram um salto de 38.000% desde 2021, a maior parte desses investimentos graças a digitalização da arte.

 

Através de uma fintech unicórnio – i.e. empresa com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão – baseada em Nova York, qualquer cidadão comum pode investir em Picassos, Monets, Van Gogh ou Warholds sem ser bilionário ou ricaço, a que esse tipo de investimento estava restrito até hoje.

 

Isso é possível através da tecnologia do blockchain, leia-se NFTs (escrevi sobre isso há um ano: aqui.

 

Masterworksfintech que mencionei acima, existem outras, transforma quadros de milhões de dólares em tokens digitais e sua fragmentação funciona como uma espécie de securitização do ativo, permitindo que qualquer um possa investir já que o valor da pintura passa a ser dividido em unidades menores de moeda, ficando acessível ao pequeno investidor.

 



Ah, mas NFTs são investimentos feitos basicamente com cryptomoedas e o mercado de cryptos levou um tombão! Apenas na semana passada o mercado global de cryptos perdeu US$ 1 trilhão e praticamente todos os tokens deram um mergulho em seu valor. 

 

Para traders diários com cryptos houve grandes perdas, é verdade, mas contrariando os analistas de poltrona especializados em prognósticos sobre cryptomoedas, os investimentos em arte digital têm mostrado um comportamento interessante.

 

As NFTs precificadas em ETH (ethereum) sofreram grande perda em dólares, reais ou qualquer outra moeda que se use como referência, mas a quantidade média de ETH trocada pelos tokens não-fungíveis nas coleções de arte top permaneceram relativamente constantes.  

 

Ou seja, apesar da inflação de preços ao consumidor nos EUA ter sido de 7% em 2021, a maior desde 1982 e no Brasil o IPCA ter fechado em 10,06%, maior desde 2015, essa desvalorização da moeda parece não ter atingido na mesma proporção o mercado de arte top negociado digitalmente por NFTs.

 

O valor do ETH desvalorizou 30% apenas nos últimos sete dias, mas se você participa há tempo o suficiente do mercado de crypto, você passa raciocinar como se o ETH tivesse vida própria. Ou seja, 1 ETH começa a valer 1 ETH para você e não R$ 13.430,19 (cotação de 13h20m hoje).

 

Seja como for, os fundos de pensão precisam sair do lugar comum e começar a pensar com a mente mais aberta. Precisam estudar classes de ativos alternativos e deixar de lado o conforto da renda fixa tradicional. Também precisam ir além dos investimentos no exterior e do mercado de ações se quiserem obter retornos que justifiquem para seus participantes manter estruturas grandes e caras.  

 

Abrimos o artigo com uma frase de Sun Tzu, então vamos fechar com outra frase dele como mensagem final para os conselhos dos fundos de pensão.

 




Grande abraço,

Eder.

 

 

Fontes: You're invited to join an exclusive community investing in blue-chip art, MasterWorks e “JPEGs on Sale, Baby”, escrito por Will Gottsegen 

 


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