De São Paulo, SP.
Novas tecnologias vão te levar seu fundo à versão 1.2, mas não ao fundo de pensão 3.0
Robotic Process Automation ou RPA é uma tecnologia desenhada para automatizar processos de negócios baseados em regras estruturadas e repetitivas, liberando as pessoas para focarem em atividades que agreguem valor ao negócio.
A automação impactará todos os setores e os fundos de pensão não são exceção. Estudo da Gartner (https://gtnr.it/37M5sBc) prevê que ate 2022, 85% das grandes organizações terão desenvolvido alguma forma de RPA. Nas pequenas e medias será apenas uma questão de tempo.
Muita gente confunde transformação digital com a mera digitalização de processos analógicos. RPA é parte de uma mudança mais abrangente pela qual as organizações estão passando em meio à “tempestade perfeita” de novas tecnologias como IA – Inteligência Artificial, ML – Machine Learning, big-data, robótica e IOT – Internet of Things.
A utilização de tecnologias digitais e de todas essas inovações tecnológicas, porém, por si só não é capaz de levar os fundos de pensão a transformação necessária em seu atual modelo de negócios. Conforme venho martelando em meus artigos e posts, distuptura não é fazer mais rápido e melhor aquilo que você fazia antes, disruptura é tornar irrelevante aquilo que era feito antes.
O modelo de negócios baseado em ecossistemas terá impacto em inúmeros aspectos dos fundos de pensão. Na figura abaixo pode-se ter uma ideia do alcance das mudanças.
O modelo de ecossistemas alavancado pela criptoeconomia tem potencial infinito
A chegada dos ativos digitais que se iniciou com criptomoedas tipo Bitcoin e Ethereum e está caminhando a passos largos para os CBDC – Central Banks Digital Currencies, as moedas digitais emitidas pelos governos dos diversos países, deverá transformar o sistema financeiro atual.
Ao acrescentarmos os ativos digitais e todas as demais inovações da criptoeconomia aos ecossistemas da previdência lego, um novo mundo de soluções surgirá para os fundos de pensão.
A figura abaixo é na verdade um slide que apresentei em um curso da ABRAPP sobre Fundos de Pensão 3.0.
Como adaptar o modelo de negócios do seu fundo de pensão à previdência lego?
Voltando ao fondue (início desse artigo), ainda que não tivesse a mínima ideia desse conceito o gerente do supermercado percebeu que, associado ao inverno, existia um “ecossistema gastronômico”, parte de um ecossistema maior de “estilo de vida”.
Então, criou (literalmente) uma plataforma embutindo | integrando todos os produtos que qualquer pessoa precisaria para criar uma experiência gastronômica “à la Suíça Francesa”, em família ou entre amigos. Uma experiência do consumidor muito agradável e satisfatória para mim e sem dúvida alguma para inúmeros outros clientes, que muito provavelmente deu uma bela alavancada nas vendas da loja.
Fazer isso em fundos de pensão é um pouco mais complexo, mas os princípios são exatamente os mesmos. Dada a amplitude e diversidade de ecossistemas, o fundo de pensão pode desempenhar múltiplos papéis. Pode ser o dono da plataforma que vai oferecer todas as soluções ou o orquestrador que vai agregar os produtos e serviços ou o fornecedor de produtos específicos que integrarão uma solução mais ampla.
O tamanho do sucesso vai depender da habilidade dos fundos de pensão adotarem o novo paradigma enquanto os ecossistemas não estiverem congestionados. Em outras palavras, ganharão mais aqueles que perceberem a mudança de paradigma e saírem na frente.
Isso requer liderança, apetite para assumir riscos calculados, habilidade para se mover rapidamente, capacidade para construir parcerias dentro e fora do segmento de previdência e seguros e forte capacitação tecnológica.
O fundo de pensão que decidir abraçar a previdência lego ao invés de ser alvo preferencial de disruptura do atual modelo de negócios, precisará adotar uma estratégia que permita avançar em duas frentes paralelas. A primeira focada na operação atual, otimizando o modelo de negócios corrente, retendo e aumentando a atual base de clientes. A segunda, focada em inovações, usando uma plataforma de tecnologia digital baseada em nuvem, com capacidade avançada de análise de big-data e integração de serviços de terceiros via APIs.
O mais importante, porém, é uma visão clara da expectativa e jornada do consumidor, combinada com a capacidade de montar um ecossistema abrangente de parceiros, produtos, serviços, dados e tecnologia.
Somente o tempo dirá se a previdência lego será mesmo o novo paradigma na indústria de previdência complementar e pelo sim, pelo não, sugiro que seu fundo de pensão esteja preparado.
Enquanto o futuro não chega, fico com um ditado que aprendi nos anos 80 durante meu tempo de cursinho preparatório para o vestibular no Rio de Janeiro: “cobra que não se mexe, não engole sapo!”
Espero que você tenha gostado desse longo artigo (TL;DR) e estou por aqui caso queira trocar ideia sobre esses conceitos e revolucionar o conselho do seu fundo de pensão.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Adaptado do webinar “Innovation Trailblazer Series: Digital Ecosystems & The Future of Life, Annuites and Benefits”, da SVIA – Silicon Valley Insurance Accelerator e do podcast “Fintech Can Be a 1.5 Bridge Into 2.0 DeFi, no qual Camila Russo do The Defiant entrevista Simon Taylor da 11:FS.
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