segunda-feira, 11 de outubro de 2021

A (R)EVOLUÇÃO DOS INVESTIMENTOS BASEADOS EM APPS, VAI MUDAR PARA SEMPRE A FORMA DE POUPAR E INVESTIR PARA A APOSENTADORIA

 


De São Paulo, SP.


INTRO

You say you want a revolution
Well, you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well, you know
We all want to change the world


Ninguém melhor do que eles para dar o clima.






O mundo dos investimentos está mudando rapidamente, com as novas gerações dos Millenials e GenZ puxando as transformações que causarão impactos profundos em bancos e fundos de pensão. 

 

Consumidores de atacado que, diferentemente dos investidores tradicionais, não possuem experiência em mercados financeiros, corretoras de valores e serviços de investimentos, estão pisando num terreno antes desconhecido para eles, principalmente, graças a disponibilização da informação.

 

Esses jovens consumidores, muitos deles ainda dando os primeiros passos no mercado de trabalho, nunca foram alvo de grandes gestores de investimentos, mas estão se aventurando em massa e abraçando classes de ativos antes inexistentes, tipo NFTs, Cryptos etc. e usando ativamente plataformas digitais de trading tipo DEX – Descentralized Exchanges (Corretoras de Valores descentralizadas), “robo-advisors” (fig. abaixo) e outras “cositas más”.

 



“Eu posso navegar na Internet e aprender facilmente como fazer uma operação, ler um monte de opiniões diferentes e até criar comunidades abertas para falar ativamente sobre tópicos relacionados a investimentos e depois aplicar esse conhecimento em plataformas muito fáceis de usar”, diz Francesco Simoneschi – CEO e Co-Fundador da TrueLayers, uma fintech fundada em 2016 em Londres. 

 

“Essa é uma tendência que vai ser muito difícil de interromper e veremos esse mercado continuar a evoluir numa velocidade muito, muito rápida”, completa ele.

 

Verdade verdadeira, diriam meus amigos. Apenas um ano após o lançamento, uma ferramenta digital de planejamento financeiro chamada Life Plan (algo tipo: Plano de Vida, em português) lançada pelo BoFA – Bank of America, atraiu mais de 5 milhões de usuários.



Millenials e Gen Z respondem por 62% dos Planos de Vida criados na plataforma do BoFA, com Baby-Boomers e Gen X respondendo por 35% e estudantes – isso mesmo, aquela turminha que supostamente ainda nem se preocupa com investimentos e poupança – perfazendo outros 20% dos usuários.

 

Agora vem algo beeeem interessante: os cinco principais objetivos das pessoas para usarem a plataforma e fazerem um Plano de Vida (fig. abaixo) foram: Orçamento e começar a poupar (35%), Melhorar o credito (27%); Poupar para uma compra grande (22%), Comprar uma casa (21%) e Poupar para a aposentadoria (18%)

 



efeito Covid-19 sobre investimentos e poupança

 

A pandemia causou um grande choque de comportamento nos hábitos de compra e nos gastos dos consumidores, que ficaram presos em casa durante a maior parte do tempo. A volta ao trabalho nos escritórios, por exemplo, ainda nem ocorreu plenamente.

 

Como consequência, houve um deslocamento sísmico em direção aos meios de pagamento e serviços digitais, que se tornaram amplamente disponíveis para todos. Sem falar na maior disponibilidade de tempo para as pessoas se dedicarem ativamente a investimentos e poupança.

 

Para se ter uma ideia da transformação digital que está em curso na área de investimentos, basta dar uma olhadinha na penetração do atendimento via chatbot. Existem cerca de 250 milhões de adultos nos EUA, 20 milhões deles estão usando uma assistente virtual (chatbot) chamada ERICA do BoFA. Um aumento estratosférico que ocorreu em apenas dois anos (fig. abaixo).

 



Não foi à toa que houve um hiper-engajamento no uso de aplicativos como Robinhood, FreeTrade, Binance, Coinbase e inúmeros outros. Quem está à frente desse movimento é a galera jovem, frequentemente com renda baixa, que passou a ter acesso aos investimentos que tradicionalmente ficavam restritos a pessoas com dinheiro, detentores de patrimônios mais altos.

 

Em era de juros baixos quem tem algum por cento é rei

 

Após um longo período de altas rentabilidades, estamos caminhando para tempos de baixos retornos o que tornará árdua a tarefa dos investidores institucionais e cada vez mais importante as estratégias de investimentos.

 

Rentabilidade e lucros reduzidos afetarão também o jovem investidor que está acostumado com um mercado em expansão. A economia mundial pós-pandemia vai ser caracterizada pela subida da inflação num ambiente de juros baixos.

 

Isso certamente vai causar correção em diversos mercados tipo os “Robinhood bros”, cryptomoedas engraçadinhas como Dodgcoin e cia, que só se tornaram possíveis por causa dos elevados retornos que estávamos experimentando.

 

Wealthtechs a grande ameaça para todos que fazem gestão de ativos

 

O setor de previdência complementar é reconhecidamente muito conservador no mundo todo. Investidores institucionais, bancos e fundos de pensão precisam apertar o passo na medida em que as demandas dos clientes vão mudando rapidamente e isso significa oferecer mais soluções digitais.

 

Gestores de ativos já perceberam não ser mais possível vender fundos de investimentos sentando-se com os clientes uma vez por mês para mostrar as alocações dos ativos. Da mesma forma, não é mais suficiente ter planos de previdência complementar que oferecem uma cesta com cinco ou seis perfis de investimentos num mundo que está incorporando automação e inteligência artificial para ajudar pessoas físicas a fazer a gestão de seus investimentos individuais.  

 

“As pessoas estão acostumadas com experiências do consumidor propiciadas pela Netflix e Amazon e querem serviços hiper-personalizados. Se os gestores de ativos não se modernizarem, perderão clientes que estão mais propensos do que nunca a mudar”, disse Jamie Keen, Co-Fundador da Fund Sense.

 

As inovações já são criadas hoje com APIs (Application Programing Interfaces), interfaces que fazem a ponte entre várias tecnologias complexas para facilitar a utilização dos apps pelos usuários.

 

Na medida em que as wealthtechs incorporem soluções embarcando machine learnig e softwares de processamento de linguagem oral, especialistas preveem um futuro radical no qual toda a indústria de gestão de ativos será superada pela tecnologia.

 

Há quem preveja que as wealthtechs substituirão integralmente planejadores financeiros, gestores de ativos, bancos e fundos de pensão.

 

Uma revolução nos próximos cinco anos

 

Conforme disse Tom McGillycuddy, Co-fundador da plataforma britânica de investimentos com impacto CIRCA5000: “Estamos no 1º dia de uma tendência de transformação do setor”, no qual as pessoas passaram a ter acesso a ferramentas que que fazem o mesmo que antigamente, apenas com uma camada a mais de tecnologia.

 

Depois que ultrapassarmos esse momento de gratificação instantânea de curto prazo dos investimentos podemos esperar soluções e inovações cada vez mais disruptivas.

 

 

As plataformas de wealhtech como são chamados os apps voltados para investimentos e poupança de curto, médio e longo prazos - aqui englobados os planos de aposentadoria – vão explodir nos próximos anos.

 

Veremos florescer modelos de negócio com comissão zero, modelos baseados em uma taxa mensal de subscrição e um sem-número de novas abordagens. Na figura abaixo um exemplo do boom nas assinaturas de uma comunidade de investimentos chamada WallStreetBets criada no subreddit cujo nº de membros saltou de 978 mil para estrondosos 9,5 milhões em menos de um ano. 

 


A tokenização (representação digital) de imóveis e de ativos alternativos vai criar uma nova fronteira de classes de investimentos. O fracionamento a investimentos tipo imóveis, startups tradicionalmente financiadas por fundos de private equity e capital de risco, investimentos em grande obras de infraestrutura e outros, antes inacessíveis ao cidadão comum, irão democratizar o acesso ao mundo das finanças.

 

A moeda digital oficial dos países, as chamadas CBDC ou Central Bank Digital Currencies, junto com a representação digital dos ativos reais serão os catalisadores.

 

“O primeiro investimento feito pela maioria dos jovens hoje é em cryptomoedas e eles não investem através de uma conta no HSBC, eles o fazem através de uma carteira digital na Coinbase. A maioria dos jovens nem tem mais uma conta bancária”, diz Mounir Laggoune – CEO da Finary (uma wealthtech francesa).

 

A geração dos nossos pais costumava ter uma conta bancária. As novas gerações têm dez contas em corretoras digitais e operam com cinco plataformas diferentes de cryptomoedas. Porque não?

 

Laggoune comenta que os gerentes de banco, isso vale para a gestão de fundos de pensão também, gastam a maior parte do tempo se ocupando de questões administrativas, preparando relatórios e fazendo coisas que não agregam valor aos investimentos do cliente.

 

Correntistas de bancos e participantes de fundos de pensão pagam hoje por algo que não pode ser considerado o melhor serviço e aí que está o problema todo, falta tecnologia ...

 

Pois é, as mudanças estão muito mais para revolução do que para a lenta evolução. A teoria de Darwin precisa de tempo para se fazer sentir. Disrupturas não.

 

 

Grande abraço,

Eder.

 

 

Fontes: Wealthtech - The new app-driven world of investment, (Sifted Report) | The Fintech Blueprint de 11/outurbo/2021, (On Substack) | BofA's financial planning tool proves a hit (Finextra)

 


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