De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
Nos últimos 10 dias o setor privado foi rápido em impor sanções à Rússia, por ter começado uma guerra na Europa ao invadir a Ucrânia, sem provocação: Exon-Shell-BP terminaram joint-ventures com petroleiras Russas; Nike-IKEA-H&M fecharam lojas e suspenderam vendas; Visa-Amex-Mastercard interromperam a prestação de serviços, assim como Fedex-UPS; Accenture fechou seu escritório; EY-KPMG-PWC cortaram ligação c/ representantes locais; Boeing-EMBRAER deixaram de fazer manutenção na frota do país e Delta terminou o code-sharing com cias aéreas de lá. Muitas das sanções têm um custo real e pesado, mas as empresas estão assumindo a pancada de curto prazo, convictas de que democracia e capitalismo estão ligados e que as organizações não podem florescer num mundo em que ditadores ignoram fronteiras, sem consequências.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
A regulamentação europeia denominada SFDR – Sustainable Finance Disclosure Regulation, determinou ano passado que os “asset managers” classifiquem seus fundos de investimentos como “Article 9” se tiverem os investimentos sustentáveis como seu principal objetivo. Segundo o artigo abaixo, da Financial News, nada menos que 66 dos maiores fundos europeus, que deveriam ter essa mais alta credencial de sustentabilidade, muitos com $$$ de fundos de pensão, continuam com uma exposição variando entre 0,2% e 15% do portfólio em títulos (públicos e privados) e ações de empresas Russas. A guerra de Vladmir Putim, além de representar risco significativo para os fundos que tem $$$ alocado na Rússia, levanta questões morais e éticas para quem diz deter credenciais ESG...
CONCLUSÃO:
Considerar aspectos ESG tem muito a ver com mitigar os riscos dos investimentos, mas os investidores institucionais não eliminaram na velocidade que deveriam, a exposição a papeis Russos enquanto Putim juntava mais de 100 mil soldados, canhões e tanques na fronteira com a Ucrânia nos meses que precederam a (provável) guerra. Agora, com a bolsa Russa paralisada, o Rublo no chão e os títulos públicos ameaçados de default, os fundos mais verdes da Europa se veem diante de um conflito de interesses e uma batata quente na mão, mantendo em seus portfólios "verdes" ações de cias russas no negócio de óleo e gás (leia-se: combustíveis fosseis) que financiam a guerra, incompatível com suas credenciais ESG e sob o risco de virar pó. Antes tivessem sido rápidas para desinvestir, teriam perdido, é verdade, mas perderiam muito menos dinheiro do que deverão perder agora.
Grande abraço,
Eder.
P.S.: Coca-Cola e McDonalds congelaram suas operações na Russia depois que #BoycottMcDonalds se tornou um trending topic noTwitter.
Fonte: ESG funds from Abrdn, Amundi, Carmignac among 66 stuck with Russian holdings, escrito por David Ricketts e Bérengère Sim. CEO Daily, escrito por Alan Murray.
Nenhum comentário:
Postar um comentário