De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
Por iniciativa da Comissão Técnica de Governança e Riscos da ABRAPP - Regional Sudeste, foi feita uma pesquisa bem interessante sobre os “Riscos do Sistema de Previdência Complementar Fechada". O trabalho ajuda a entender melhor a percepção de risco dos fundos de pensão brasileiros com diversos portes de patrimônio, quantidade de participantes, regiões do país, origem das patrocinadoras e outras variáveis. Relatório completo: aqui. No ranking geral de 2021, veja o que chama a atenção: i) Os top 3 riscos apontados, i.e. do 1º ao 3º lugar, foram: macroeconomia, taxa de juros e desempenho dos investimentos; ii) Tecnologia aparece em 10º lugar; iii) Concorrência em 13º e práticas comerciais em 14º lugar; iv) Mudança social surge na 16ª posição; e v) Governança corporativa ficou na 20ª colocação, dentre os 23 riscos mapeados.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Numa época dominada por planos CD e CV, é compreensível que os riscos mais importantes, na percepção das entidades de previdencia fechada, tenham a ver - direta ou indiretamente - com investimentos. Porém, os maiores riscos para um fundo de pensão hoje não são aqueles que afetam suas operações, mas sim aqueles que ameaçam a sua existência. Os riscos que podem causar disruptura no modelo de negócios dos fundos de pensão, responsáveis pelas grandes transformações desse início de século, começam a aparecer por volta da metade da lista. Tecnologia, que aparece em 10º lugar no ranking geral, sequer surge no ranking separado no qual os 10 principais riscos são apontados pelos fundos de pensão do setor privado (Lei nº 109/2001). Concorrência, desponta lá na 13ª posição, mas a competição com os fundos de pensão vem hoje de todo canto, qualquer pessoa com um smartphone e acesso a Internet pode comprar e vender ações, comprar títulos públicos, participar de fóruns de discussões e aprender sobre os movimentos do mercado, ter acesso a análises quantitativas, tudo a um custo ínfimo e muitas vezes sem custo nenhum, sem nem mesmo precisar de uma conta bancária. Práticas comerciais, em 14º lugar, está entre os maiores desafios de crescimento do sistema, ainda mais quando se aposta todas as fichas na venda de planos família. Finalmente, mudanças sociais, em 16º, tem tudo a ver com a sustentabilidade da previdência complementar no longo prazo, com o desafio de atrair os jovens da GenZ para os planos corporativos, sem os quais não haverá futuro.
CONCLUSÃO:
Pivotar os fundos de pensão, criar novos modelos de negócio, implantar inovações, isso tudo vem por decisão lá de cima da organização, depende do Conselho Deliberativo, mas governança corporativa, num setor que carece de conselheiros profissionais no colegiado, apareceu na “lanterninha”, em 20ª posição numa lista com 23 itens. Portanto, ou está tudo suave na nave ou como diz o título desse post, os fundos de pensão podem estar deixando escapar algo importante.
Grande abraço,
Eder.
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