quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

TECNOLOGIAS E INOVAÇÕES CRIARÃO OPORTUNIDADES E AMEAÇAS PARA OS FUNDOS DE PENSÃO ATÉ 2030 E UAU! ELAS SÃO DE CAIR O QUEIXO!

 

Credito de Imagem:© Bloomberg

 


De São Paulo, SP.


 

Investir sempre teve a ver com o futuro e apesar das transformações irem acontecendo devagarinho, de repente, buuum, elas mudam tudo! As inovações disruptivas aumentam a eficiência dos serviços, reduzem os custos, melhoram a segurança, desbancam os grandes players e dominam os mercados. 

 

Para investidores que tem horizonte de longo prazo, como fundos de pensão, entender quais são essas inovações e antecipar as alocações corretas em seus portfolios de investimentos significa capturar oportunidades de crescimento exponencial de retorno. 

 

Longe de ser algo fácil, trazer essa visão para a mesa dos conselhos deliberativos requer quebrar algumas barreiras de conservadorismo. 

 

Também é preciso reconhecer que muitas promessas de inovações disruptivas e de novas tecnologias, nem sempre se concretizam porque riscos regulatórios, riscos de mercado, riscos e incertezas de toda sorte podem impactar seu desenvolvimento ao longo do caminho.

 

Afora as oportunidades de investimento em novos setores, empresas e negócios, os fundos de pensão precisam ficar de olho nas inovações disruptivas por um outro motivo bem mais relevante: o potencial que elas têm de causar impacto direto em seus próprios modelos de negócios, na forma que operam hoje e na sua existência.

 

Plataformas de inovação que gerarão os maiores retornos no mercado de ações 

 

As análises e projeções da ARK Investment Management LLC. apostam que empresas de cinco grandes áreas de inovação e suas respectivas ramificações, irão gerar maiores retornos no longo prazo do que aquelas de todo o mercado de ações tradicional, conforme a figura abaixo.

 



O crescimento anual composto (CAGR: Compound Annual Growth Rate) esperado para o mercado de ações formado por empresas fora dessas cinco áreas é de 3% ao ano, devendo levar a capitalização do mercado tradicional de US$ 94 trilhões em 2020 para US$ 126 trilhões em 2030.

Quando o crescimento de 3% a.a. é comparado ao crescimento das cinco áreas de inovação no mesmo período, dá prá ter uma ideia do disparate: Inteligência Artificial (26% a.a.), Baterias (35% a.a.); Blockchain (43% a.a.), Robótica (51% a.a.) e Sequenciamento Genético (40% a.a.). 

 

A capitalização de mercado dessas cinco áreas em 2020 soma US$ 14 trilhões, projetada para 2030 chega a surpreendentes US$ 210 trilhões!!!

 

Blockchain e carteiras digitais, ameaça ou oportunidade?

 

Junto com os ativos digitais (cryptoativos) as carteiras digitais (digital wallets, em inglês) serão um mercado de US$ 50 trilhões em 2030 e é nele que os fundos de pensão se inserem. 

 

Dinheiro, contratos e classes de ativos migrarão para protocolos criados por fontes abertas de programação e sua posse e propriedade serão representados digitalmente no blockchain

 

Quando a Internet surgiu, muitos a consideraram como apenas mais um canal para comercialização de conteúdo que veio para se somar a Rádios, TVs, Livros e Jornais. Hoje, todos os canais se baseiam na infraestrutura da Internet, RadioOnline, TVOnline, JornaisOnline, ComunicaçãoOnline e ComprasOnline.

 

O mesmo vai acontecer com os ativos digitais (cryptoativos) que serão emitidos em blockchains públicos impactando todas as classes de ativos. A Internet transformou conteúdos físicos como música, vídeos, livros e textos em pacotes de dados e informações online. Os blockchains públicos vão transformar todos os ativos em pacotes de transação “on chain”, ou seja, feitos e registrados no blockchain.    

 

 

Com a convergência de APIs (interfaces programadas que permitem que diferentes aplicativos se comuniquem), plataformas de mídias sociais e tecnologia blockchain, haverá a integração de negócios e mercados de consumo, ou seja, os serviços serão ligados diretamente aos consumidores.

 

Isso causará a eliminação do papel de intermediário que domina o atual ecossistema de produtos financeiros. Por que isso é importante? Porque fundos de pensão são intermediários que investem e administram o $$$ de participantes e patrocinadoras. 

 

A “desintermediação” forçará a reconfiguração do sistema financeiro e dos fundos de pensão, se quiserem aproveitar as possibilidades dessas novas tecnologias, levando a maior transparência, controles regulatórios menores e a custos de administração significativamente, mais baixos, muito mais reduzidos mesmo.

 

Absolutamente tudo vai se tornar parecido com dinheiro: fungível, quantificável e com liquidez. Todas as organizações, consumidores, participantes, terão que se adaptar, estruturas corporativas serão questionadas, todos os setores serão impactados e junto com eles, os fundos de pensão.

 

As carteiras digitais permitem que qualquer um com um smartphone transfira dinheiro instantaneamente, o que vai transformar as experiências comerciais de compra & venda e as experiências financeiras de investimento & poupança dos indivíduos. Os consumidores terão no bolso o mesmo poder de uma agência bancária e vão demandar taxas de atacado (i.e., ultra reduzidas) para muitas operações financeiras e investimentos de curto e longo prazos, mudando sua relação com os provedores de serviços financeiros e colocando em risco os serviços financeiros tradicionais.

 

Desde 2017 as carteiras digitais são o meio de pagamento dominante nas compras online e desde 2020 passaram a ser o meio mais usado também para pagamentos feitos diretamente nas lojas físicas (figura abaixo). As pessoas estão abandonando cartões de crédito, cartões de débito, transferências bancárias e dinheiro para fazer pagamentos com carteiras digitais em seus celulares. Daí para usá-las para fazer investimentos e poupança, será um pulo.

 

 

O JP Morgan um dos maiores bancos dos EUA levou mais de 30 anos e precisou adquirir cinco outros bancos para chegar a 60 milhões de correntistas (contas de deposito a vista). O aplicativo Cash App, uma carteia digital controlada pelo Square, precisou de apenas 8 anos para atingir 74 milhões de usuários e a Venmo, controlada pelo Paypall, amealhou 82 milhões de clientes em apenas 11 anos. 

 

Quando surgirem, as soluções digitais para poupança de longo prazo poderão drenar participantes de fundos de pensão em ritmos tão agressivos quanto esses.

 

O número de carteiras digitais poderá crescer num ritmo de 69% ao ano nos EUA e 78% a.a. globalmente, passando de uma capitalização de mercado de US$ 400 bilhões em 2020 para US$ 5,7 trilhões em 2030 nos EUA e globalmente de US$ 1,1 trilhões em 2020 para US$ 20 trilhões em 2030. 

 


O custo de aquisição de clientes dos grandes bancos americanos que ainda mantem agências é de US$ 2.500/cliente. Se considerarmos apenas o custo de marketing (tira o custo de agências) esse custo cai para US$ 700/cliente. O custo de aquisição do Cash APP mencionado acima é de US$ 5/cliente e o do brasileiro Nubank é de apenas US$ 1/cliente. 

 

Não vamos esquecer que há muito tempo os planos de previdência complementar, tanto corporativos como individuais, deixaram de cobrar taxas de carregamento administrativo de seus participantes. Passaram a pagar seus custos de administração deduzindo-os diretamente do retorno dos investimentos e esses custos são bem altos. 

 

Para se manterem competitivos e continuarem no jogo, os fundos de pensão terão que aumentar a produtividade e reduzir (jogar lá no chão) os custos para atrair e manter participante, isso só será possível se abraçarem novas tecnologias. 

 



Tudo mudou!

 

A convergência das diversas tecnologias emergentes está causando cinco mudanças profundas no segmento dos fundos de pensão, que podemos chamar de as cinco mais:

  1. Mais ameaças: as ameaças às operações dos fundos de pensão vêm hoje de inúmeras outras áreas de risco e de lugares fisicamente muito mais distantes, através do espaço cibernético. O cenário de ameaças com o qual os conselhos deliberativos têm que lidar, nunca foi tão complexo como hoje; 
  2. Mais velocidade: conselheiros e diretores precisam tomar decisões, dentro de espaços de tempo cada vez menores (vide o 1º ano de Covid-19), num ritmo muito mais acelerado do que nos últimos 20, 30 anos e as estruturas das organizações estão tendo dificuldade para operar e dar apoio na velocidade necessária; 
  3. Mais dados: estamos nos afogando em dados e os gestores dos fundos de pensão estão tentando tirar desses dados conclusões que façam sentido sobre as ameaças e oportunidades, não é à toa que surgem novos negócios tipo o @insidepensions que buscam processar essa montanha de dados e entregar conhecimento para apoiar a gestão; 
  4. Mais clientes: novos tipos de participante - família do empregado, funcionários públicos de estados e municípios - e de potenciais participantes (não empregados da empresa) demandam mais conhecimento do comportamento do consumidor. Os fundos de pensão tinham que fazer gestão de um publico fechado, contido e conhecido, agora o publico é aberto, amplo e desconhecido, isso é uma mudança gigantesca; e 
  5. Mais competidores: não são mais necessárias grandes estruturas para competir com investidores institucionais como fundos de pensão e entidades abertas, qualquer um com um smartphone e acesso a Internet pode hoje comprar e vender ações, aplicar em títulos públicos, em imóveis, em renda fixa, pode participar de fóruns de discussões e aprender sobre os movimentos do mercado, ter acesso a análises quantitativas, tudo a um custo ínfimo e muitas vezes sem custo nenhum, sem nem mesmo precisar de uma conta bancaria. Os fundos de pensão não estão mais sozinhos como veículo para formação de poupança de longo prazo ou organizações cuja escala se traduz em taxas de administração menores, principalmente para pessoas físicas em planos associativos.

A melhor forma dos fundos de pensão transformarem essas ameaças em oportunidades é entregando retornos superiores para seus participantes. 

 

As análises e projeções da ARK Investment Management LLC são uma pérola e quem quiser ler o trabalho completo pode acessar esse link: aqui

 

Quando, no futuro, as operadoras de planos de previdência complementar – termo que vem sendo cunhado para se referir aos fundos de pensão e entidades abertas – olharem para trás junto com os historiadores, vão caracterizar nossa era atual como uma de mudanças tecnológicas sem precedentes. Então, dirão: foi ali que tudo mudou.

 

Grande abraço,

 

Eder.

 

 

Fonte: “Big Ideas 2022”, publicado pela ARK Investment Management LLC. 

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