De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
Depois de empresas de diversos setores terem sido envolvidas em controvérsias raciais, o problema escalou. Na AGO de 28 de abril, 63% dos acionistas da J&J votaram a favor da proposta para que o conselho de administração da companhia contrate uma auditoria externa para avaliar e recomendar melhorias nas práticas, políticas e produtos da empresa que causam impactos raciais, indo além das questões legais e regulamentares. O proponente, a Mercy Investment Services, pediu que sejam consideradas as sugestões dos stackeholders – incluindo empregados, clientes e organizações de direitos humanos – para determinar os pontos a serem avaliados na auditoria. Tem mais: “abordar o racismo sistêmico e o prejuízo econômico que causa, requer mais do que se basear apenas nas ações e avaliações internas. Os líderes da empresa não são experts em diversidade, igualdade & inclusão e lhes falta objetividade ... sem uma ampla auditoria conduzida por terceiros, qualquer cia pode estar em risco”, escreveu a Mercy na proposta. Uauuu! Não foi à toa que a J&J esperneou e instou os acionistas a votarem contra a proposta, mas perdeu.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
A J&J não é caso isolado. Empresas como Facebook, Starbucks e BlackRock, já se comprometeram com tais auditorias. Em outubro passado o Citigroup concordou em contratar terceiros para efetuar uma auditoria de equidade racial do banco, seis meses depois de um nº significativo de acionistas – mas não a maioria – ter votado a favor. No próximo dia 26 de maio será a vez dos acionistas do McDonalds que vem pressionando a empresa, nesse caso, a contratar uma auditoria dos impactos de suas políticas e práticas sobre os direitos civis dos stackeholders. O McDonalds apelou até para a SEC, a CVM americana, pedindo para excluir a proposta da votação, mas a SEC não concordou com os argumentos da cia e disse que a proposta transcende simples questões de negócio. Na AGO de 2022 da Apple, 54% dos acionistas também votaram a favor de uma auditoria dos direitos civis. Questões sociais - o "S" de ESG - vão pressionar, cada vez mais os conselhos e diretorias de empresas e fundos de pensão e o ativismo de acionistas e participantes vai se mostrar mais forte do que as vontades e desejos de seus administradores. Ilude-se quem pensa o contrario.
CONCLUSÃO:
A vida de conselheiro de empresa listada em bolsa está ficando difícil. Como pau que bate em Chico, bate em Francisco, não vai ser muito diferente com conselheiros de fundos de pensão.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Johnson & Johnson shareholders vote for racial impact audit, escrito por Ben Maiden
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