De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
Um amigo meu sempre brincava dizendo: “vamos comprar um caminhão, ouvi dizer que vai haver grandes mudanças”. Pois hoje, uma empresa de mudanças nem precisa mais ter caminhões, da mesma forma que a maior empresa de taxis do mundo (Uber) não tem um único taxi, a maior empresa de hospedagem (AirBnB) não tem nenhum hotel, a maior empresa de informações (Facebook) não cria conteúdo e a maior empresa de varejo (Alibaba) não tem estoque. Nenhuma dessas empresas existia há 20 anos. Em breve, não precisaremos ter um carro: 55% da Gen Z desassocia a jornada da mobilidade da propriedade de um veículo, contra apenas 23% dos Boomers. Como desdobramento indireto, desde que entrou no mercado nos EUA o aplicativo Lyft, concorrente do Uber, fez despencar as multas por álcool no volante: queda de 40% em Los Angeles (gráfico acima), 40% em Chicago e 52% em Atlanta. Então, pra que eu vou precisar ser dono de um carro em qualquer outra situação, não é mesmo?
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
A disruptura também vai chegar na previdência complementar. Pegando carona nas transformações mencionadas acima, fico imaginando uma conta digital de investimentos de longo prazo oferecida por uma instituição que não detém um único ativo. Nessa tentativa de imaginar o futuro, podemos enxergar a previdência complementar evoluindo para o conceito de PaaS – Pensions as a Service ou “Previdência Complementar como um Serviço”. Ao invés de fundos de pensão isolados (entidades fechadas) e verticalizados, teremos organizações compondo um ecossistema de produtos e serviços, oferecendo soluções para atender a nossa jornada financeira e proteção de riscos completas ao longo da vida, não apenas uma parte dela. Tipo, uma carteira digital reunindo desde pagamentos e gastos imediatos de consumo até poupança de curto, médio e longo prazos, com acesso à coberturas de riscos pessoais, patrimoniais e de saúde – sem deixar seu “pet” de lado - acopladas a oferta de crédito e empréstimos. Na seu “wallet” (carteira digital), você guardará diversos tipos de moedas digitais “oficiais” - real digital, dólar digital, a libra digital, o peso digital – até cryptomoedas como BTC (bitcoin), SUSHI, USDC, SOL, EGLD, ETH (ethereum), CRO etc. para fins diversos. Os investimentos, nesse futuro não tão distante, serão ultra, hiper, individualizados, atrelados aos propósitos dos donos do dinheiro (digital). Os investimentos e o tempo de acesso a eles serão determinados por linhas de programação, sem a interferência humana, controlados por DAOs – Descentralized Autonomous Organizations ou Organizações Autônomas Descentralizadas - mais aqui: https://pt.wikipedia.org/wiki/The_DAO_(organização) - e intermediários como gestores de ativos, serão substituídos por códigos e softwares. Sua carteira de investimentos de longo prazo - não haverá mais aposentadoria – terá ativos inusitados, tipo direitos autorais de música, arte e filmes e propriedades no Metaverso, que lhe darão benefícios de curto prazo como acesso prioritário a shows, museus e pré-estreias no mundo real e no virtual. Se você assim quiser, renunciará a uma parte infirma do seu retorno, que será direcionado para os projetos sociais e ambientais que você mesmo escolher numa versão dinâmica, online, moderna e em tempo real de ESG.
CONCLUSÃO:
É difícil imaginar como será o futuro, porque nossa visão do futuro tende a vir embrulhada no passado. Só que o futuro poderá ser bem diferente do passado e na velocidade que o segmento de previdência complementar está avançando, ficamos com a sensação de que o passado é hoje e não de que o futuro é agora.
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