De São Paulo,
“A maldição do conhecimento é que ele fecha sua mente para aquilo que você não sabe. Boas avaliações dependem da capacidade – e da vontade – de abrir a mente. O sinal da sabedoria é saber a hora de abandonar algumas das partes que você mais estima da sua identidade”
Sim, aprender requer foco, mas desaprender e reaprender requer muito mais – requer que se escolha entre coragem e conforto. Requer exercitar não apenas músculos intelectuais, mas também emocionais. Requer altas doses de curiosidade sobre o mundo, se você quiser realmente mudá-lo. Requer crença sobre as coisas que você ainda não sabe.
Nunca foi tão crítico como hoje a arte de repensar, de aprender a questionar nossas opiniões e de abrir nossa mente e as das outras pessoas, de nos reposicionarmos em relação a vida e ao trabalho.
Inteligência é geralmente vista como a capacidade de pensar e aprender, mas num mundo em rápida transformação, há um outro conjunto de capacidades cognitivas que pode ser ainda mais importante: a capacidade de re-pensar e re-aprender.
Em nossas vidas cotidianas, a maioria de nós prefere o conforto da convicção ao desconforto da dúvida. Ouvimos as opiniões que nos fazem sentir bem, ao invés das ideias que nos forçam a pensar arduamente.
Geralmente enxergamos a discordância como uma ameaça aos nossos egos, ao invés de enxergá-la como uma oportunidade para aprendermos. Nos cercamos de pessoas que concordam conosco, que compartilham nossas opiniões, quando deveríamos gravitar em torno daqueles que desafiam nosso modo de pensar, nossos processos mentais, nossa visão de mundo.
Como resultado, nossas crenças vão se enfraquecendo num ritmo mais rápido do que nossa força física e passamos a agir mais como pregadores que defendem uma fé religiosa, como promotores querendo provar que o outro lado está errado e como políticos em campanha eleitoral e menos como cientistas em busca da verdade.
Inteligência não é a cura e pode até ser a doença: ser bom em pensar pode nos fazer ruim em repensar. Quanto mais brilhantes formos, mais cegos às nossas limitações poderemos nos tornar.
Precisamos argumentar como se estivéssemos certos, mas ouvir os outros como se estivéssemos errados. Precisamos ter ideias ousadas e evidencias rigorosas ao imaginarmos o futuro, mas reconhecer com alegria quando estivermos errados no presente.
O ano que está por se iniciar é uma oportunidade para nos livrarmos das visões que não estão mais nos servindo bem e valorizarmos mais a flexibilidade mental e menos a consistência tola. Não precisamos acreditar em tudo que pensamos, nem internalizar tudo que sentimos
Se conhecimento é poder, saber aquilo que não sabemos é sabedoria. Ter esperança nas coisas que não sabemos, nunca foi tão bom.
Feliz Natal! Feliz Ano Novo!
Grande abraço,
Eder
Fonte: Adaptado de resenha de Adam Grant, autor de “Think Again: The Power of Knowing What You Don't Know” e Brené Brown, Ph.D.
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