De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
As empresas imaginaram que o “novo normal” seria o trabalho híbrido, com alguns CEOs em Wall Street - tipo Jamie Dimon do JP Morgan Chase - defendendo até o retorno aos escritórios integralmente. Na medida em que o Covid-19 vai ficando para trás, todos estão surpresos e feito barata tonta diante da resistência dos empregados em voltar. O conceito das empresas para o trabalho remoto é comparecer ao escritório nas segundas, quartas e sextas, o das novas gerações é trabalhar no escritório quando quiser, pelo período que quiser ... se quiser. Resultado, há meses que os pedidos de demissão não param de chover nos EUA, no que está sendo chamado “the great resignation” e ninguém sabe como parar.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
A verdade é que as empresas continuam funcionando até hoje da mesma maneira como foram concebidas na revolução industrial, jornadas de trabalho “9 to 5” e sistemas de gestão voltados para aumentar a produtividade do funcionário, algo absolutamente sem sentido numa sociedade do conhecimento em que os empregados não produzem mais parafusos. Com a parada de arrumação causada pela pandemia, o escritório deixou de ser central para as pessoas fazerem seu trabalho e o mesmo aconteceu com a jornada das 9h às 17h. Agora junte a isso uma crise geracional: justiça social, diversidade & inclusão, cuidado com o ½ ambiente, são valores que movem a Gen Z e os Millenials, cuja visão de mundo entrou em colisão frontal com as gerações mais antigas, que ainda estão pilotando as organizações. Vamos combinar, os valores dos jovens são irreconciliáveis com o mundo corporativo, já mencionei aqui a recente demissão do Emmanuel Faber – CEO da Danone, que estava reposicionando a empresa para uma economia de baixo carbono e foi apeado do poder por um par de acionistas minoritários descontentes. Também mencionei que a substituição das sacolas de plástico por sacolas de papel na Lego não ocorreu de dentro para fora, foi motivada por cartas de crianças (Gen Alpha) dizendo: "sei que isso não é bom", isso contado pela Anne Sweeney, membro do conselho do Grupo Lego, da Netflix e da Clinica Mayo. Os exemplos se multiplicam para onde quer que voce olhe, até na ONU, com seus 80 anos ininterruptos de lideranças masculinas.
CONCLUSÃO:
Diante dessa encruzilhada da história, colocar band-aid no modelo de operação das empresas não vai funcionar, elas terão que ser reinventadas, construídas do zero, em cima de propósitos como pilares, com um contrato social diferente do atual, com redefinição dos conceitos de cliente, empregado e acionista, com novas formas de entregar valor para todos eles e pulando do mundo analógico para o digital. O celebrado "stakeholder capitalism" não funciona nas modernas fabricas de parafusos. O caminho não é asfaltado não, ainda vamos ter muito solavanco pela frente.
Grande abraço,
Eder.
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