De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
Nos últimos 10 anos a tecnologia passou a ser essencial em nossas vidas e a estrutura da sociedade passou a rodar em grandes plataformas tipo facebook (atual meta), tweeter, google, apple et all. Quando a visão de mundo de uma pessoa colide com a política de uma dessas plataformas de tecnologia (definida apenas por ela própria), a pessoa pode perder totalmente o acesso à plataforma na qual passou os últimos 5 ou 10 anos construindo seu negócio ou sua rede de relacionamento. A tecnologia do blockchain surgiu, essencialmente, para trazer novos modelos de governança e controle, evitando concentração de poder por meio da descentralização, permitindo “usabilidade” e acesso sem ser necessário pedir permissão para ninguém e assegurando a privacidade dos dados pessoais, tudo com códigos abertos para qualquer um saber como funcionam e poder audita-los. Na raiz de tudo está o "Cypherpunk Manifesto" publicado em 1993 por Eric Hughes: https://lnkd.in/dDwXUZ6T
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
O BACEN anunciou a intenção de lançar em 2022 a moeda digital brasileira, link aqui: https://lnkd.in/dFahHaGP O real digital será, em essência, um dinheiro programável, o que vale dizer que seu uso, controle e limitações poderão ser definidos por linhas de programação. O maior perigo das CBDC mundo afora reside em conceder poder excessivo a tecnocratas e funcionários de bancos centrais, não eleitos pela população, para definir isso. Poderemos descambar para um “cenário Frankenstein” (Fontan, 2013), com a criatura desafiando aspectos éticos e os bancos centrais extrapolando sua legitimidade democrática ao não resistirem ao canto da sereia – diferente de Ulisses, na Odisseia de Homero (figura acima) – indo além do mandato estreito e muito bem definido que a sociedade lhes delega, criando um enorme problema de agência. O risco só piora com a captura regulatória de dados pessoais dos cidadãos e das empresas, resultantes de suas transações monetárias, diferentemente do que acontece hoje, onde a supervisão dos BACENs alcança apenas as instituições financeiras. Dependendo de como o real digital for concebido, a intervenção do BACEN no sistema financeiro poderá criar situações de “moral hazard” e minar a confiança publica no seu papel de controlador da política monetária e no próprio sistema monetário como um todo. Riscos esses, diga-se de passagem, todos eles já presentes nas operações com o PIX.
CONCLUSÃO:
A comunidade mundial dos cypherpunks segue de olho nos bancos centrais e a sociedade, liderada pelas novas gerações, não aceitará docilmente o uso do dinheiro digital para controlar os cidadãos. O congresso nacional também deveria estar atento.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: https://lnkd.in/dUWPqZnk
Nenhum comentário:
Postar um comentário