De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
A entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial levou o fundador da VARIG - o alemão raiz Otto Ernst Meyer - a se afastar do comando para proteger a cia e assim, em dez/1941, assumiu a presidência o gaúcho Rubem Martim Berta (1º funcionário da empresa) que inspirado na encíclica “Rerum Novarum” do Papa Leão XIII, na obra de Jean-Jacques Rousseau "O Contrato Social" e no "Quadragésimo Anno" de Pio XII, criou a fundação dos funcionários da Varig (todo funcionário era participante), mais tarde renomeada para Fundação Rubem Berta. O propósito da fundação era nobre, uma ideia inovadora de estrutura social onde parte dos lucros fosse dividido entre os funcionários, reduzindo a desigualdade social entre ricos e pobres, por isso, em 1945, por decisão da assembleia geral, as ações da Varig foram integralmente transferidas para a fundação cuja governança era a seguinte: pilotos, mecânicos de voo, comissários ou funcionários administrativos com +10 anos de serviço podiam ser eleitos para o colégio deliberativo, escolhidos por outros membros do próprio colégio. Este órgão elegia o presidente da fundação, que acumulava o cargo com a presidência da Varig. Em última instância, eram os próprios funcionários que controlavam e administravam a companhia.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Vários fatores levaram a quebra da Varig, mas um fator crítico do insucesso foi exatamente o controle pelos funcionários que, dentre outras medidas, impediram a redução do quadro de empregados quando isso se tornou crucial para sobrevivência da empresa. Ontem foi publicada a Resolução CNPC nº 49, que trata dos fundos de pensão do setor publico e das empresas estatais. Nela os tecnocratas do CNPC escreveram o seguinte sobre a escolha da diretoria: “o processo seletivo poderá ser restrito a participantes ou assistidos vinculados aos planos de benefícios, mediante comprovação de que cumprem a qualificação exigida ao exercício dos cargos na diretoria-executiva”. Considerando que a maioria absoluta - i.e. 100% - dos conselheiros dos fundos de pensão do setor publico e das estatais são funcionários das próprias patrocinadoras, temos neles (só que numa escala muito maior) todos os ingredientes de gestão que levaram a Varig ao seu pouso forçado.
CONCLUSÃO:
Enquanto isso, fundos de pensão como o CALPERS, dos funcionários públicos do estado da Califórnia – EUA, discutem se não seria o caso de ter cidadãos em seus conselhos, para que neles estejam representados também os contribuintes, cujos impostos pagam as contas. Que inveja!
Grande abraço,
Eder.
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