De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
Em 1936 o sociólogo americano Roberto K. Merton escreveu um livro intitulado “The Unanticipated Consequences of Purposive Social Action”. Nele, Merton analisa o problema das consequências não-intencionais que surgem quando atos deliberados pretendem causar alguma mudança social. O trabalho de Merton mostra que intervenções intencionais em sistemas complexos tendem a criar situações e produzir resultados que não eram previstos, nem desejados e não faziam parte da vontade do autor.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Os fundos de pensão que vem adotando a adesão automática (AE – Auto-enrollment, em inglês) podem ser vítimas do seu próprio sucesso, criando milhares de saldos de conta em planos de contribuição definida com valores pequenos ou irrisórios para produzir rendas de aposentadoria minimamente razoáveis. As novas gerações, como os Millenials, que podem ter em média 14 empregos ao longo da vida, terão um plano de previdência complementar separado em cada um deles, deixando para trás inúmeros saldos inativos, um enorme desperdício de tempo e despesas de administração. No Reino Unido já são 10 milhões de contas em planos CD com saldos diferidos (BPD) inferiores a £$ 100 (uns R$ 600). O problema, que já existia antes da adesão automática e tende a piorar, é que o retorno dos investimentos creditado nesses saldos tende a ser menor do que as taxas de administração deduzidas dos investimentos pelos fundos de pensão. Resultado: como a legislação brasileira – diferente do Reino Unido - ainda permite taxas de gestão financeira fixas, esses saldos serão esgotados, perdidos para sempre, financiando a administração dos fundos de pensão em prejuízo dos participantes. Precisamos de soluções (alô PREVIC) semelhantes ao “dashboard” sendo implantado no Reino Unido, que permita ao participante enxergar todos os saldos que possui em seu nome, espalhados pelo sistema de previdência complementar.
CONCLUSÃO:
A Lei das Consequências Não-Intencionais manda um aviso parecido com o enviado pela Lei de Murphy, que através de um alerta irônico e bem-humorado mostra ser uma arrogância humana a crença de que podemos controlar por completo o mundo a nossa volta.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: "The surge of small 'pointless pots' endangers AE credibility", escrito por
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