De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
Em 1945 Percy Spencer supervisionava um dos laboratórios sob sua responsabilidade na Raytheon - fornecedora de tecnologia de radares para os aliados na II Guerra. Quando ele parou perto de um magnetron, que é um tubo a vácuo gerador de microndas para aumentar a sensibilidade dos radares, ele sentiu algo estranho no bolso da calça, era a barra de chocolate derretendo. A curiosidade surgiu instantaneamente, então, Spencer trouxe um saco de milho que o magnetron transformou em pipoca. Passado um ano, a Raytheon patenteou o forno de micro-ondas. Hoje em dia as pessoas associam o acaso a sorte, negligenciando o que Horace Walpode chama de “sagacidade”. A maioria de nós daria de ombros e iria embora ao perceber o chocolate derretido, foi a sagacidade que impediu Spencer de fazer o mesmo.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
No mundo das finanças todo mundo lê Bloomberg, no segmento dos fundos de pensão todos leem as mesmas revistas, participam dos mesmos cursos, todo mundo vê a mesma informação. Quando todo mundo acessa a mesma coisa, da mesma forma, fica difícil fazer conexões com a originalidade. A curiosidade se sustenta em perguntas não respondidas e a Internet tem todas as respostas, ela nunca te diz “eu não sei”. Em termos de informação e conhecimento, isso tende a deixar todos ignorantes, mas felizes, alegremente despreocupados com aquilo que desconhecem e ainda não sabem. O Google pode te dar a resposta para qualquer pergunta que você faça, mas não pode te dizer o que você deve perguntar. Discutindo o futuro de sua empresa (Google) Larry Page descreveu o mecanismo de busca perfeito como sendo um capaz de “entender exatamente o que você quis dizer e te devolver exatamente aquilo que você quer”. Mas e se eu não souber aquilo que eu quero? A falta do acaso torna as inovações mais difíceis porque a inovação depende da colisão inesperada entre conhecimento e ideias.
CONCLUSÃO:
Estamos perdendo o interesse por questões que não podem ser facilmente respondidas. “Pesquisar” em livros e enciclopédias significava embarcar numa busca árdua, implicava em fazer perguntas que te levavam a mais perguntas. Você enfrentava obstáculos, se perdia, não encontrava aquilo que tinha começado a procurar, mas sempre aprendia algo no caminho. Isso aumentava seu mapa mental e o escopo de suas perspectivas. Curiosidade depende de fricção, da luta para preencher lacunas na informação, da incerteza, do mistério e da consciência da nossa ignorância. Estamos ficando tão acostumados com respostas fáceis que estamos esquecendo de como se faz perguntas e assim vamos degradando nossa capacidade de aprender. Os conselhos dos fundos de pensão que souberem explorar a curiosidade sobre o futuro, serão os que terão maior vantagem competitiva.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Curious: The desire to know and why your future depends on it, escrito por Ian Leslie.
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