De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
A maioria dos investidores enxerga os títulos públicos como uma classe de ativos praticamente livre de riscos, vendo neles uma inerente estabilidade durante tempos turbulentos e considerando-os uma alternativa melhor para manter o poder de compra em épocas de descontrole inflacionário, do que a maioria dos demais investimentos. Talvez o mais importante é que o valor intrínseco dos retornos subjacentes aos títulos públicos, não depende do mercado de ações, ajudando na diversificação.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Então, se títulos públicos funcionam tão bem, por que os fundos de pensão deveriam investir em outras classes de ativos e quais ativos deveriam buscar para essa diversificação? Vamos lá: 1º) porque a histórica correlação negativa entre investir em ações versus investir em ativos livres de risco, como ouro e títulos públicos, está se mostrando cada vez menos confiável. O Q1-2022 foi o pior trimestre dos últimos 40 anos no qual os títulos públicos americanos entregaram resultados ruins ao mesmo tempo em que as bolsas (S&P500) também tiveram desempenho negativo, vide gráfico acima. Além disso, vivemos num mundo cada vez mais incerto, com pandemias e guerras surgindo do nada e afetando a dinâmica da economia dos países, o Brasil não está imune a isso; 2º) investir em títulos públicos pode fazer sentido em planos BD, porém, não vale para planos CD, que deveriam buscar a maximização dos retornos e não se contentar com um patamar fixo de resultados para blindar passivos; e 3º) a busca por maiores retornos e diversificação da carteira tem levado os fundos brasileiros a investir no exterior, não obstante, existe forte correlação entre o mercado de ações dos EUA e aqueles tanto de países desenvolvidos como em desenvolvimento – no últimos 20 anos a correlação em períodos de 5 anos ficou acima de 0,74 entre o mercado dos EUA e dos emergentes e acima de 0,87 entre EUA e dos países desenvolvidos.
CONCLUSÃO:
Que ativos teriam, persistentemente, uma correlação baixa ou negativa com títulos públicos e seriam desacopladas do mercado de ações, que deveriam ser considerados pelos fundos de pensão? Resposta: classes de ativos alternativos. Quais? Projetos-obras de infraestrutura, títulos privados, mercado de arte contemporânea, ativos digitais (criptoativos), empresas de agetech, healthtech, economia da longevidade etc. etc. etc. A aposta é que da mesma forma que nem todos os empregados voltarão para os escritórios e nem todos os consumidores voltarão às compras em lojas físicas, nem todo fundo de pensão continuará a se entupir de títulos públicos depois dessa pandemia.
Grande abraço,
Eder.
Fonte: The De-Coupling Thesis, escrito por Tom Dunleavy
Nenhum comentário:
Postar um comentário