De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
Lembro bem das discussões anos atrás, sobre como os fundos de pensão deveriam investir – o velho debate sobre investimentos passivos versus ativos. A discussão voltou, com a guerra na Ucrânia, mostrando que é necessária uma gestão ativa dos investimentos para engajamento em questões ambientais, sociais e de governança (ESG). Com todos os desafios pós-pandemia, esse pode ser o ano em que o bem-estar financeiro dos participantes suba para o topo da agenda dos conselhos deliberativos, cuja responsabilidade fiduciária é tomar as melhores decisões de investimentos em nome dos participantes, focando no longo prazo.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
Nossos fundos de pensão continuam balançando na rede da varanda, na sombra dos títulos públicos e fundos passivos de investimentos, uma abordagem incompatível com planos CD “puros”, para os quais o foco se volta na medida em que mais e mais participantes se aposentam com a renda paga por esse tipo de plano. Gestores profissionais não deveriam se limitar a entregar inflação + juros “atuariais” em planos CD. Conforme mostra a experiência britânica, ativos ilíquidos tipo crédito privado, projetos de infraestrutura e financiamento imobiliário, para citar apenas alguns, podem se encaixar bem em planos CD, entregando - no longo prazo - retornos estáveis e pagando altos prêmios em função da maior falta de liquidez desses investimentos. As vantagens são muitas: 1) diversificam portfolios, concentrados nas outras classes de ativos; 2) ajudam na transição para uma economia de baixo carbono; 3) entregam retornos estáveis, indexados à inflação; 4) geram fluxo de caixa ao longo do tempo; 5) tem impacto social positivo; 6) protegem o patrimônio contra cenários de juros baixos; 7) blindam o patrimônio da volatilidade e stress dos mercados, por sua correlação negativa com outros ativos. De acordo com David Rae da Russel Investments, dependendo das circunstâncias, ativos ilíquidos podem representar até 30% do portfolio de um fundo de pensão, casados com os passivos | compromissos de longo prazo.
CONCLUSÃO:
Numa era em que a infraestrutura passa por transformações em áreas como transporte, transição para energias renováveis, tráfego de dados etc., em que orçamentos fiscais sob pressão transferem investimentos públicos para o setor privado, em que credenciais ESG requerem investimentos na economia real e tecnologias disruptivas criam oportunidades em diversos setores para os detentores de capital de longo prazo, vamos continuar sentados em cima de uma montanha de NTN-B e cia? Os conselhos continuarão seguindo o efeito manada, todo mundo com medo de dar o primeiro passo? Entregando retornos medíocres (comuns, medianos, médios) e não retornos superiores?
Grande abraço,
Eder.
Fonte: Illiquid assets: Time to take notice, escrito por Francesca Fabrizi e Pensions Age - April 2022's Editorial Comment, Laura Blows.
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