De São Paulo, SP.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO:
Podemos tirar algumas conclusões sobre os desafios futuros dos fundos de pensão a partir dos acontecimentos dessa semana com a Netflix: 1) Pela 1ª vez em 10 anos a Netflix perdeu assinantes, uma evidência tangível de que a reabertura pós-Covid está acontecendo já que umas poucas pessoas estão deixando de gastar $$$ com streaming de filmes; 2) Muitos investidores estavam precificando ações que foram bem durante a pandemia como se o lockdown fosse continuar para sempre, muitos assumiram implicitamente que a Netflix continuaria crescendo; 3) A extensão da queda das ações diante de resultados que nem foram tão ruins assim (perderam apenas 200 mil assinantes) mostra quanto do valor da Netflix estava “travado” no futuro, tornando-o muito sensível a mudanças pequenas no curto prazo nas premissas de crescimento futuro; e 4) As grandes plataformas de tecnologia (Facebook, Apple, Netflix, Google) são precificadas como se todas fossem dominar o mercado, mas na verdade elas competem umas com as outras, elas não podem todas atingir a dominância que seria possível individualmente para cada uma delas.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE:
O ambiente nas patrocinadoras está diferente. O mundo corporativo está enfrentando problemas que não consegue resolver. Acelerados pela pandemia, os desafios de atração e retenção de talentos, a gestão de pessoas e até o layout dos escritórios estão colocando em xeque a capacidade das empresas de resolver os problemas através das abordagens tradicionais. Durante os últimos 20 anos as empresas enfrentaram crises econômicas e problemas financeiros sérios, mas se recuperaram lentamente porque eram questões eminentemente “endógenas”, ligadas de alguma forma ao funcionamento das economias dos países. Esses tipos de crises são difíceis, mas elas respondem às medidas de gestão adotadas por CEOs, CFOs e CHROs. As transformações sociais, as disrupturas tecnológicas, a chacoalhada no futuro do trabalho, a guerra na Ucrânia, a quebra da cadeia de suprimentos, são eventos “exógenos” dirigidos por forças não-econômicas, não há ferramentas na caixa para enfrentá-los.
CONCLUSÃO:
A reabertura será ruim para alguns (talvez muitos) setores e os próximos anos vão evidenciar vários problemas que vinham latentes antes da pandemia. Os desafios enfrentados pelas patrocinadoras são preocupantes para os fundos de pensão, muitas delas diminuirão de tamanho sem deixar marcas de derrapagem, a despeito das expectativas de valuation que preveem crescimento e aumento de resultados. O menor problema com essas expectativas significa desastre instantâneo para os fundos de pensão, que não terão tempo suficiente para apertar o freio.
Grande abraço,
Eder.
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